São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Taxa real vai a 12,7% se Selic subir 0,5 ponto percentual, ante 6,7% da Turquia, 2ª colocada no ranking

Brasil deve ampliar hoje liderança em juros

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não pára de abrir vantagem na liderança do ranking dos países com os maiores juros reais do mundo.
A mistura de inflação futura em baixa e juros em alta tem levado a taxa real (descontada a variação dos preços) brasileira a patamares elevadíssimos em comparação a outros países, quer sejam emergentes ou desenvolvidos.
Hoje, o Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia os novos juros básicos (Selic). Se a taxa for elevada em 0,50 ponto -para 19,25% ao ano-, os juros reais irão a 12,7%, quase o dobro da taxa da Turquia (6,7%), a segunda colocada no ranking mundial.
Os juros reais brasileiros estão no maior nível desde setembro de 2003.
Os dados constam em estudo elaborado pela consultoria GRC Visão, que considerou a atual taxa básica e descontou as expectativas do mercado para a inflação para os próximos 12 meses.
"Os juros reais brasileiros estão historicamente em um nível restritivo para a economia. Como estão muito elevados, com certeza terão um impacto contracionista", avalia Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Na hora de planejarem seus investimentos, os empresários analisam o tamanho das taxas de juros reais. Se estiverem em níveis muito altos, inibem novos investimentos e acabam por desaquecer a economia.
Ao passar a elevar a taxa básica de juros, a partir de setembro do ano passado, o Banco Central estava preocupado com o aquecimento econômico e seus reflexos na inflação. Como os juros reais já estão em níveis históricos elevados, a expectativa de que o Copom fará hoje a última elevação da Selic -dentro do ciclo de altas iniciado em setembro- é predominante entre analistas e economistas.
No pregão da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções de juros voltaram a subir ontem, mostrando que boa parte do mercado passou a acreditar em uma alta de 0,50 ponto percentual da taxa Selic. Há também quem acredite que a taxa possa subir 0,25 ponto.

Contramão
A escalada da taxa real de juros no Brasil está na contramão da média do mercado. O estudo da GRC Visão analisou 40 países e constatou que a taxa real média desse grupo recuou de 1,6% em janeiro para 1,2% agora.
No caso do Brasil, a taxa real foi de 11,87% em janeiro para 12,30% neste momento -isso antes de ser conhecida a decisão do Copom de hoje.
A taxa real do Chile está em apenas 0,5%.


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