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CUSTO BRASIL
Infra-estrutura deficiente de transporte e estocagem gerou perda de 53 milhões de toneladas em sete anos, aponta IBGE
País desperdiça 9% da produção de grãos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1997 a 2003, o Brasil desperdiçou 53,7 milhões de toneladas
de grãos durante a fase de armazenagem e transporte. A cifra corresponde a 8,74% de tudo o que
foi produzido no país no período,
segundo os Indicadores Agropecuários, levantamento inédito divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Antes da colheita, também
ocorreram grandes perdas nas lavouras analisadas -soja, milho,
arroz, trigo e feijão. Nessa fase, 28
milhões de toneladas de grãos
(4,70% da produção) deixaram de
ser colhidos de 1996 a 2002, especialmente por causa de problemas
climáticos. O IBGE não mensurou as perdas durante a colheita,
no comércio e nos domicílios.
Tudo o que não foi tirado da terra, ficou pelo caminho ou apodreceu nos armazéns nesse período
(81,7 milhões de toneladas) corresponde a 61% da safra de grãos
prevista para 2005 pelo IBGE
-134,5 milhões de toneladas. No
período da pesquisa, o país perdeu em média 13,6 milhões de toneladas por ano, o que significa
que, num período de dez anos, o
país desperdiçaria o equivalente a
toda a safra estimada para 2005.
Para o IBGE, a falta de investimentos na infra-estrutura de
transporte é a principal causa das
perdas depois da colheita. "A
maior parte das perdas acontecem nas estradas, que são, em geral, de má qualidade, o que faz
crescer o derrame de grãos. Faltam investimentos em infra-estrutura para mudar o meio de
transporte de rodoviário para ferroviário e fluvial, o que permitiria
perdas menores", disse Júlio Cesar Perruso, técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE. Segundo o IBGE, 67% da produção
de grãos é escoada por rodovias.
O consultor da CNA (Confederação Nacional da Agricultura)
Luiz Antonio Fayet afirmou que
nos últimos anos a qualidade das
estradas piorou muito, refletindo
no custo dos fretes.
Milho lidera em perdas
Em números absolutos, o milho
foi o campeão do desperdício na
fase depois da colheita. Só na safra
de 2003 ficaram nas estradas brasileiras e armazéns 4,099 milhões
de toneladas -ou 8,5% da produção total. Mas, em termos relativos, o arroz tem a maior perda
-11,61% da produção.
De acordo com Perruso, os problemas que afetam as lavouras antes de colheita são, em sua maioria, "inevitáveis" e estão relacionados ao clima.
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