São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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CUSTO BRASIL

Infra-estrutura deficiente de transporte e estocagem gerou perda de 53 milhões de toneladas em sete anos, aponta IBGE

País desperdiça 9% da produção de grãos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De 1997 a 2003, o Brasil desperdiçou 53,7 milhões de toneladas de grãos durante a fase de armazenagem e transporte. A cifra corresponde a 8,74% de tudo o que foi produzido no país no período, segundo os Indicadores Agropecuários, levantamento inédito divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Antes da colheita, também ocorreram grandes perdas nas lavouras analisadas -soja, milho, arroz, trigo e feijão. Nessa fase, 28 milhões de toneladas de grãos (4,70% da produção) deixaram de ser colhidos de 1996 a 2002, especialmente por causa de problemas climáticos. O IBGE não mensurou as perdas durante a colheita, no comércio e nos domicílios.
Tudo o que não foi tirado da terra, ficou pelo caminho ou apodreceu nos armazéns nesse período (81,7 milhões de toneladas) corresponde a 61% da safra de grãos prevista para 2005 pelo IBGE -134,5 milhões de toneladas. No período da pesquisa, o país perdeu em média 13,6 milhões de toneladas por ano, o que significa que, num período de dez anos, o país desperdiçaria o equivalente a toda a safra estimada para 2005.
Para o IBGE, a falta de investimentos na infra-estrutura de transporte é a principal causa das perdas depois da colheita. "A maior parte das perdas acontecem nas estradas, que são, em geral, de má qualidade, o que faz crescer o derrame de grãos. Faltam investimentos em infra-estrutura para mudar o meio de transporte de rodoviário para ferroviário e fluvial, o que permitiria perdas menores", disse Júlio Cesar Perruso, técnico da Coordenação de Agropecuária do IBGE. Segundo o IBGE, 67% da produção de grãos é escoada por rodovias.
O consultor da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) Luiz Antonio Fayet afirmou que nos últimos anos a qualidade das estradas piorou muito, refletindo no custo dos fretes.

Milho lidera em perdas
Em números absolutos, o milho foi o campeão do desperdício na fase depois da colheita. Só na safra de 2003 ficaram nas estradas brasileiras e armazéns 4,099 milhões de toneladas -ou 8,5% da produção total. Mas, em termos relativos, o arroz tem a maior perda -11,61% da produção.
De acordo com Perruso, os problemas que afetam as lavouras antes de colheita são, em sua maioria, "inevitáveis" e estão relacionados ao clima.


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