São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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GLOBALIZAÇÃO

País recebeu US$ 18 bi, e região teve em 2004 primeiro crescimento de fluxo de investimentos desde 99, diz Cepal

Brasil lidera fluxo de investimento na AL

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil foi o país da América Latina que mais atraiu fluxos de investimento estrangeiro direto no ano passado. Em 2004, o Brasil recebeu US$ 18,1 bilhões, um crescimento de 80% em relação a 2003. O México aparece na segunda colocação, com entrada de US$ 16,6 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), da ONU.
"Eu acredito que esse nível de entrada de investimentos no Brasil possa ser mantido. Mas isso só acontecerá se o governo brasileiro melhorar a qualidade da situação regulatória no setor de serviços, como eletricidade, e o nível de fusões -o caso AmBev/Interbrew, por exemplo, continuar", disse à Folha Michael Mortimore, um dos economistas responsáveis pelo relatório.
O bom desempenho dos dois países está inserido num contexto regional. Em 2004, pela primeira vez desde 1999, os fluxos de investimento estrangeiro direto para a América Latina e o Caribe cresceram. O volume total ultrapassou US$ 56,4 bilhões 2004, o que representa um acréscimo de 44% ante 2003.
A região conseguiu se beneficiar do ano de forte expansão nas economias mundiais. Mesmo a Argentina, que amargou um período de minguados fluxos de recursos após a moratória, apresentou recuperação. Em 2004, o país obteve US$ 1,8 bilhão ante US$ 1 bilhão no ano anterior. Mas Mortimore avalia que os prognósticos de investimento para a Argentina ainda são uma incógnita. "É muito difícil fazer estimativas por causa da delicada situação da renegociação da dívida e também do boicote à Shell apoiado pelo governo. Por isso, não vejo nenhuma grande mudança no futuro próximo", avaliou.

Perfil do investimento

Segundo a Cepal, o Brasil atrai principalmente investimentos em busca de mercados. "Esse investimento tem contribuído de maneira importante para o crescimento e o desenvolvimento brasileiros. No entanto, o país não deveria limitar-se a atrair apenas esse tipo de IED [investimento externo direto] e de operações de empresas transnacionais", diz o órgão.
O novo foco da política de atração de investimentos deveria ser centrado em recursos para infra-estrutura física e de serviços voltados para a exportação, diz o relatório da Cepal.
Apesar do forte ingresso de investimento estrangeiro na América Latina, o volume registrado no ano passado está bem abaixo do patamar de 2001. À época, foram recebidos US$ 70,7 bilhões.
"Os fluxos de IED têm sido, em geral, qualitativamente insuficientes", diz trecho do relatório.
De acordo com o estudo, os investimentos necessários para resolver os problemas de escassez de energia elétrica nos países do Cone Sul chegam a US$ 20 bilhões no período entre 2004 e 2008.


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