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GLOBALIZAÇÃO
País recebeu US$ 18 bi, e região teve em 2004 primeiro crescimento de fluxo de investimentos desde 99, diz Cepal
Brasil lidera fluxo de investimento na AL
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil foi o país da América
Latina que mais atraiu fluxos de
investimento estrangeiro direto
no ano passado. Em 2004, o Brasil
recebeu US$ 18,1 bilhões, um
crescimento de 80% em relação a
2003. O México aparece na segunda colocação, com entrada de US$
16,6 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), da ONU.
"Eu acredito que esse nível de
entrada de investimentos no Brasil possa ser mantido. Mas isso só
acontecerá se o governo brasileiro
melhorar a qualidade da situação
regulatória no setor de serviços,
como eletricidade, e o nível de fusões -o caso AmBev/Interbrew,
por exemplo, continuar", disse à
Folha Michael Mortimore, um
dos economistas responsáveis pelo relatório.
O bom desempenho dos dois
países está inserido num contexto
regional. Em 2004, pela primeira
vez desde 1999, os fluxos de investimento estrangeiro direto para a
América Latina e o Caribe cresceram. O volume total ultrapassou
US$ 56,4 bilhões 2004, o que representa um acréscimo de 44%
ante 2003.
A região conseguiu se beneficiar
do ano de forte expansão nas economias mundiais. Mesmo a Argentina, que amargou um período de minguados fluxos de recursos após a moratória, apresentou
recuperação. Em 2004, o país obteve US$ 1,8 bilhão ante US$ 1 bilhão no ano anterior. Mas Mortimore avalia que os prognósticos
de investimento para a Argentina
ainda são uma incógnita. "É muito difícil fazer estimativas por
causa da delicada situação da renegociação da dívida e também
do boicote à Shell apoiado pelo
governo. Por isso, não vejo nenhuma grande mudança no futuro próximo", avaliou.
Perfil do investimento
Segundo a Cepal, o Brasil atrai
principalmente investimentos em
busca de mercados. "Esse investimento tem contribuído de maneira importante para o crescimento
e o desenvolvimento brasileiros.
No entanto, o país não deveria limitar-se a atrair apenas esse tipo
de IED [investimento externo direto] e de operações de empresas
transnacionais", diz o órgão.
O novo foco da política de atração de investimentos deveria ser
centrado em recursos para infra-estrutura física e de serviços voltados para a exportação, diz o relatório da Cepal.
Apesar do forte ingresso de investimento estrangeiro na América Latina, o volume registrado no
ano passado está bem abaixo do
patamar de 2001. À época, foram
recebidos US$ 70,7 bilhões.
"Os fluxos de IED têm sido, em
geral, qualitativamente insuficientes", diz trecho do relatório.
De acordo com o estudo, os investimentos necessários para resolver os problemas de escassez
de energia elétrica nos países do
Cone Sul chegam a US$ 20 bilhões
no período entre 2004 e 2008.
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