|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mantega prepara sua reforma ministerial
Ministro deve afastar da Fazenda últimos remanescentes da equipe do seu antecessor na pasta, Antonio Palocci Filho
Jorge Rachid deve deixar comando da Receita, e Nelson Machado, atual ministro da Previdência, pode substituí-lo ou a Appy
FERNANDO RODRIGUES
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) vai iniciar na semana que vem a sua própria reforma ministerial com duas novidades principais:
1) Poderá ter novamente ao
seu lado Nelson Machado,
atual ministro da Previdência,
que tem chance de ocupar o
cargo de secretário-executivo
na Fazenda. No primeiro mandato de Lula, em 2003, Machado começou como vice de Mantega no Planejamento.
2) Deve trocar o secretário da
Receita Federal, Jorge Rachid.
O cargo agora é chamado de
"super-secretário", pois engloba todas as áreas de arrecadação do governo. Machado está
também cotado para o posto.
O atual secretário-executivo
da Fazenda, Bernard Appy, deve deixar o posto pois tem mantido uma relação atritada com
Mantega. Se realmente se concretizarem as saídas de Appy e
Rachid, esse movimento tem
sido interpretado dentro do governo como uma espécie de alforria de Mantega em relação
ao antecessor, Antonio Palocci.
Mantega assumiu a Fazenda
no ano passado após Palocci
sair acusado de envolvimento
na quebra de sigilo bancário de
um caseiro. Ao chegar, Mantega manteve quase tudo inalterado. Agora, quer trabalhar
com equipe própria.
A saída de Machado da Previdência Social é certa, pois a pasta entrou nas negociações que o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vem conduzindo com os
partidos aliados para formar
sua base no Congresso. O presidente do PDT, Carlos Lupi, deve ser o novo ministro.
A ida de Machado para a Fazenda marcará uma nova abordagem da equipe econômica a
partir de agora. A avaliação interna no ministério é que a
equipe, toda escolhida por
Mantega, estará afinada com
uma política menos ortodoxa.
A nomeação de Nelson Barbosa, atual secretário-ajunto de
Política Econômica e assessor
econômico na campanha à reeleição de Lula, para a secretaria
de Assuntos Econômicos da
Fazenda foi o primeiro movimento nessa direção. Ele substituirá Marcelo Saintive, também remanescente da equipe
de Palocci.
Quando nomeado para substituir Palocci, Mantega ficou
quase obrigado a não promover
mudanças por dois motivos.
Primeiro porque precisava
conquistar a confiança do mercado financeiro depois das críticas à política econômica
quando comandava o BNDES.
Em segundo lugar, avaliou
que não tinha como remontar a
equipe sem a certeza de um segundo mandato no qual continuaria como titular na Fazenda. Mantega é tido como um
dos ministros que já foi confirmado no cargo por Lula.
A saída de Appy já vinha sendo negociada por Mantega há
algum tempo. Ele defendeu nas
discussões do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento)
uma reforma da Previdência e
uma atitude mais austera no
campo fiscal -queria medidas
para cortar gastos e não apenas
de controle das despesas, a versão que acabou sendo adotada.
Esse embate o desgastou com
Mantega.
A saída de Rachid para ceder
lugar a Machado -ou a algum
outro técnico ligado a Mantega- ainda não é certa. Se ficar
no cargo, ele será o único da
equipe do ex-ministro Palocci a
sobreviver na reforma feita pelo ministro da Fazenda.
Texto Anterior: Imposto de Renda - Serviço Folha-IOB: Número do NIT está no carnê do doméstico Próximo Texto: Furlan diz que serviços terão menos tributos Índice
|