São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Mantega prepara sua reforma ministerial

Ministro deve afastar da Fazenda últimos remanescentes da equipe do seu antecessor na pasta, Antonio Palocci Filho

Jorge Rachid deve deixar comando da Receita, e Nelson Machado, atual ministro da Previdência, pode substituí-lo ou a Appy


FERNANDO RODRIGUES
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) vai iniciar na semana que vem a sua própria reforma ministerial com duas novidades principais:
1) Poderá ter novamente ao seu lado Nelson Machado, atual ministro da Previdência, que tem chance de ocupar o cargo de secretário-executivo na Fazenda. No primeiro mandato de Lula, em 2003, Machado começou como vice de Mantega no Planejamento.
2) Deve trocar o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. O cargo agora é chamado de "super-secretário", pois engloba todas as áreas de arrecadação do governo. Machado está também cotado para o posto.
O atual secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, deve deixar o posto pois tem mantido uma relação atritada com Mantega. Se realmente se concretizarem as saídas de Appy e Rachid, esse movimento tem sido interpretado dentro do governo como uma espécie de alforria de Mantega em relação ao antecessor, Antonio Palocci.
Mantega assumiu a Fazenda no ano passado após Palocci sair acusado de envolvimento na quebra de sigilo bancário de um caseiro. Ao chegar, Mantega manteve quase tudo inalterado. Agora, quer trabalhar com equipe própria.
A saída de Machado da Previdência Social é certa, pois a pasta entrou nas negociações que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem conduzindo com os partidos aliados para formar sua base no Congresso. O presidente do PDT, Carlos Lupi, deve ser o novo ministro.
A ida de Machado para a Fazenda marcará uma nova abordagem da equipe econômica a partir de agora. A avaliação interna no ministério é que a equipe, toda escolhida por Mantega, estará afinada com uma política menos ortodoxa.
A nomeação de Nelson Barbosa, atual secretário-ajunto de Política Econômica e assessor econômico na campanha à reeleição de Lula, para a secretaria de Assuntos Econômicos da Fazenda foi o primeiro movimento nessa direção. Ele substituirá Marcelo Saintive, também remanescente da equipe de Palocci.
Quando nomeado para substituir Palocci, Mantega ficou quase obrigado a não promover mudanças por dois motivos.
Primeiro porque precisava conquistar a confiança do mercado financeiro depois das críticas à política econômica quando comandava o BNDES.
Em segundo lugar, avaliou que não tinha como remontar a equipe sem a certeza de um segundo mandato no qual continuaria como titular na Fazenda. Mantega é tido como um dos ministros que já foi confirmado no cargo por Lula.
A saída de Appy já vinha sendo negociada por Mantega há algum tempo. Ele defendeu nas discussões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) uma reforma da Previdência e uma atitude mais austera no campo fiscal -queria medidas para cortar gastos e não apenas de controle das despesas, a versão que acabou sendo adotada. Esse embate o desgastou com Mantega.
A saída de Rachid para ceder lugar a Machado -ou a algum outro técnico ligado a Mantega- ainda não é certa. Se ficar no cargo, ele será o único da equipe do ex-ministro Palocci a sobreviver na reforma feita pelo ministro da Fazenda.


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