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Volta de Chávez é "má notícia" para Wall Street
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A comunidade financeira internacional representada em Wall
Street encarou negativamente a
volta ao poder do presidente da
Venezuela, Hugo Chávez.
"Para os investidores, o retorno
é má notícia, não tenha dúvida",
disse à Folha o colunista do "Miami Herald" Andres Oppenheimer, especializado em relações internacionais das Américas. Segundo o jornalista, o mercado
quer a estabilidade, e o líder venezuelano "representa tudo, menos
a estabilidade".
É a opinião também de Nuno
Câmara, economista para América Latina do banco Dresdner
Kleinwort Wasserstein (DKW)
em Nova York.
"Sua volta é negativa por vários
fatores", disse o analista à Folha.
"O principal deles é perceber que
o presidente tinha mais apoio do
que o mercado pensava e do que
sugeria a imprensa local. Isso e
mais toda a sua política econômica afugentam o capital estrangeiro ainda mais do que antes."
Além disso, seu retorno deve
significar uma volta à política praticada anteriormente em relação
ao petróleo, ou seja, manter os
preços altos e em conformidade
com a política de cotas da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep).
O cartel controla dois terços do
petróleo negociado no mundo.
"A Opep está respirando profundamente aliviada", disse Phil
Flynn, analista da Alaron Trading
Corporation de Chicago. "Para
continuar controlando os preços
do petróleo, eles precisam da Venezuela." Até quinta-feira, o alinhamento com a entidade vinha
se dando pela restrição de produção por parte da Venezuela.
No breve fim de semana do "governo de transição", o empresário
Pedro Carmona havia apresentado um programa para a petrolífera estatal que contemplava a suspensão da venda de óleo para Cuba, o afastamento da Opep e uma
aproximação maior aos EUA.
Analistas apostavam até numa
desregulamentação do setor no
país que culminaria com a privatização da empresa.
O peso da Venezuela e a preocupação decorrente de Wall Street
vêm do fato de o país ser o terceiro
maior exportador de petróleo e
derivados para os Estados Unidos
e o quarto maior exportador
mundial, com uma produção de
cerca de 2,5 milhões de barris por
dia. Responde sozinho por 7% do
consumo total americano.
"O mercado está um pouco paranóico porque vê a Venezuela
como um país-chave", disse Leo
Drollas, economista-chefe do
Centro de Estudos para Energia
Global, em Londres. Com ele concorda Paul Horshnell, do J.P.Morgan: "Hugo Chávez está de volta, e
isso influencia diretamente o
mercado do petróleo".
Judith Evans, presidente da JE
Analytica, uma empresa especializada em economia latino-americana baseada em Nova York, vai
mais longe. "O problema é que o
aspecto psicológico do presidente
sempre foi o elemento surpresa
deste jogo de pôquer que é a economia da Venezuela", afirmou a
analista.
Com agências internacionais
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