São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COLAPSO NA ARGENTINA

Em três meses, 8 bilhões de pesos foram retirados de bancos

Governo prepara ação contra saques

FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

O governo prepara um decreto para frear a saída de recursos dos depósitos bancários bloqueados pelo curralzinho por meio de decisões judiciais. Somente no primeiro trimestre, 8,3 bilhões de pesos escaparam dos bancos.
"O Ministério da Economia trabalha na criação de um instrumento que permita a revisão prévia das decisões judiciais, antes que a retirada de depósitos seja efetivada", disse o vice-ministro da Economia, Jorge Todesca.
Assim, os bancos seriam obrigados a devolver os recursos só quando a ação movida por um poupador chegasse em última instância, o que não ocorre hoje. O governo estuda ainda a possibilidade de passar a entregar títulos públicos para quem conseguir o direito a reaver seus depósitos. Isso poderia desestimular os clientes a moverem ações na Justiça, pois passariam a receber um título de um governo em "default".
"As decisões da Justiça a favor de poupadores têm sido responsáveis por aproximadamente 40% de todos os recursos que saem dos bancos atualmente. Isso tem um efeito de pressão adicional sobre o câmbio", disse Todesca.
Na sexta-feira passada, a Suprema Corte decretou a suspensão da entrada de novas ações contra o curralzinho por três dias. O volume excessivo de ações movidas até o momento foi o motivo alegado pela Justiça para tomar a decisão. Já foram movidas 165 mil ações contra o curralzinho, que pedem a liberação de mais de 5 bilhões de pesos. Para o governo, esse dinheiro é usado para comprar de dólares. Ontem, a moeda dos EUA fechou praticamente estável, vendida a 2,98 pesos.
O ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, se reuniu ontem com o chefe da missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a Argentina, Anoop Singh, para discutir a evolução do cumprimento das exigências feitas pela entidade para o fechamento do acordo de socorro ao país.
Lenicov desembarca amanhã em Washington para se reunir com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, e com o secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill.



Texto Anterior: Empresas: BNDES vai incentivar internacionalização
Próximo Texto: Pesquisa diz que Duhalde não conclui mandato
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.