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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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Real "forte" põe em risco ajuste das contas externas, dizem analistas

DA REPORTAGEM LOCAL

As sucessivas baixas do dólar colocam em dúvida a continuidade do processo de ajuste das contas externas brasileiras -e, provavelmente, a euforia dos mercados com o Brasil.
Essa é a opinião de analistas e economistas ouvidos pela Folha.
O temor é que o déficit em conta corrente (diferença entre as trocas comerciais e financeiras de um país com os demais países) volte a se deteriorar. Dólar em níveis mais baixos por muito tempo pode resultar em menor entrada e maior saída de divisas do país.
Segundo os especialistas, o problema não é o dólar atingir níveis inferiores aos atuais -ontem fechou em R$ 3,08-, mas se manter por meses próximo ou abaixo de R$ 3,00.
"O problema não é o câmbio chegar a R$ 3,00 ou a R$ 2,90. O que passaria a preocupar é se a queda do dólar configurar-se como uma tendência e o câmbio não voltar a subir. Quem sofreria seriam nossas contas externas", diz Antonio Assis, diretor de negócios internacionais do HSBC.
Além do efeito perverso na balança comercial, os fluxos financeiros também poderiam piorar, com a diminuição de entrada de dólares e o aumento da saída.
Ao verem que seus dólares valem menos reais, os investidores podem acabar desestimulados a colocar dinheiro no país. Isso seria muito ruim considerando que o governo já prevê uma entrada menor de investimento direto estrangeiro no país neste ano.
As remessas de dólares poderiam crescer também, piorando ainda mais as contas. Empresas com dívidas no exterior poderiam aproveitar o dólar mais barato para quitar seus débitos. Com o dólar em níveis mais baixos, as exportações podem acabar reduzidas. Na outra ponta, as importações tendem a aumentar, desequilibrando a balança comercial.


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