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Real "forte" põe em risco ajuste das contas externas, dizem analistas
DA REPORTAGEM LOCAL
As sucessivas baixas do dólar
colocam em dúvida a continuidade do processo de ajuste das contas externas brasileiras -e, provavelmente, a euforia dos mercados com o Brasil.
Essa é a opinião de analistas e
economistas ouvidos pela Folha.
O temor é que o déficit em conta
corrente (diferença entre as trocas
comerciais e financeiras de um
país com os demais países) volte a
se deteriorar. Dólar em níveis
mais baixos por muito tempo pode resultar em menor entrada e
maior saída de divisas do país.
Segundo os especialistas, o problema não é o dólar atingir níveis
inferiores aos atuais -ontem fechou em R$ 3,08-, mas se manter por meses próximo ou abaixo
de R$ 3,00.
"O problema não é o câmbio
chegar a R$ 3,00 ou a R$ 2,90. O
que passaria a preocupar é se a
queda do dólar configurar-se como uma tendência e o câmbio
não voltar a subir. Quem sofreria
seriam nossas contas externas",
diz Antonio Assis, diretor de negócios internacionais do HSBC.
Além do efeito perverso na balança comercial, os fluxos financeiros também poderiam piorar,
com a diminuição de entrada de
dólares e o aumento da saída.
Ao verem que seus dólares valem menos reais, os investidores
podem acabar desestimulados a
colocar dinheiro no país. Isso seria muito ruim considerando que
o governo já prevê uma entrada
menor de investimento direto estrangeiro no país neste ano.
As remessas de dólares poderiam crescer também, piorando
ainda mais as contas. Empresas
com dívidas no exterior poderiam
aproveitar o dólar mais barato para quitar seus débitos. Com o dólar em níveis mais baixos, as exportações podem acabar reduzidas. Na outra ponta, as importações tendem a aumentar, desequilibrando a balança comercial.
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