São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Petrobras já investiu US$ 1 bi em poços na camada pré-sal

Estimativas do setor apontam para reservas totais de até 70 bilhões de barris

Especialista vê exagero na previsão de 33 bilhões de barris para o novo campo de Carioca anunciada pelo diretor-geral da ANP


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras já investiu US$ 1 bilhão na perfuração de poços localizados na camada pré-sal, cifra que inclui as despesas com o campo de Carioca, na bacia de Santos. Nessa área, do bloco BM-S-9, foram feitos dois poços -um deles ainda está em fase de exploração. Anteontem, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, disse que o campo teria reservas de 33 bilhões de barris de óleo e gás.
Ao longo de toda a camada pré-sal, os reservatórios podem chegar a 70 bilhões de barris, segundo estimativas preliminares de bancos e agentes do setor. A Petrobras não confirma esse volume e só divulgou oficialmente no final do ano passado o total previsto para o campo de Tupi: de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. A notícia foi dada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
A nova província petrolífera engloba as bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, localizada numa área sob espessa camada entre os litorais de Santa Catarina e Espírito Santo. Nessa região, a estatal já perfurou 15 poços -em todos, achou indícios de óleo. Isso não quer dizer ainda que há viabilidade de exploração comercial de todas reservas.
À Folha a estatal informou que "não há duvida de que, baseado no resultado dos poços pioneiros até agora perfurados e testados nos blocos do pré-sal, há viabilidade técnico-econômica do desenvolvimento comercial das descobertas".
A estatal diz ainda que tem "certeza do sucesso desta empreitada [a exploração no pré-sal]", mesmo tendo ainda de ser feita "uma série de testes de produção de longa duração [com um equipamento provisório]" para determinar o tamanho das reservas.

Mais dinheiro no pré-sal
Segundo a Petrobras, "trata-se de uma nova província exploratória, cujos primeiros resultados apontam para volumes expressivos e incomuns" de reservas de petróleo e gás.
Ontem, o diretor da área Internacional da Petrobras, Jorge Zelada, disse que a estatal poderá remanejar recursos de outras áreas para investir nas descobertas do pré-sal, caso se confirme o grande potencial da nova província. "A companhia olha as oportunidades de negócio de modo integrado."
O US$ 1 bilhão investido até agora foi destinado apenas à perfuração de poços. Para desenvolver a produção, é necessário volume muito maior de recursos para construção de dutos e plataformas.
Zelada não quis estimar, porém, as reservas da nova província. Reiterou que ainda são necessários mais testes para quantificar o volume de óleo que poderá ser produzido nas descobertas do pré-sal.

Estimativas
Desde que foram descobertos indícios de óleo no pré-sal, especialistas fizeram várias estimativas, muitas delas conflitantes. Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe, da UFRJ, diz que as reservas de toda província podem chegar a 70 bilhões de barris, embora os dados sejam preliminares e careçam de confirmação.
De acordo com Adriano Pires, da consultoria CBIE, a previsão de 33 bilhões de barris em reservas para o campo de Carioca é exagerada. No setor, segundo ele, estima-se entre 15 bilhões de barris toda a estrutura de exploração de óleo na qual o campo se insere -que inclui quatro blocos arrematados pela Petrobras nos leilões da ANP: BM-S-9, BM-S-8, BM-S-20 e BM-S-22. Somente a descoberta de Carioca (BM-S-9), diz Pires, teria um reservatório de 5 bilhões de barris.


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