|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem espaço, navios desviam de Santos, afirma sindicato
Greve de auditores esgota capacidade de porto
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Com o espaço nos terminais
de carga praticamente esgotados por conta da greve dos auditores fiscais da Receita Federal, dois navios tiveram de desviar ontem do porto de Santos à
procura de outro destino.
Essa situação deve se repetir
com maior freqüência nos próximos dias, na medida em que
até 95% da capacidade de armazenamento no porto está
exaurida, segundo o gerente-executivo do Sindamar (Sindicato das Agências de Navegação Marítima de São Paulo),
José Roberto Mello.
Atualmente, há mais de 150
mil contêineres parados no
porto desde que a greve começou, em 18 de março, de acordo
com estimativas do diretor-executivo da Abtra (Associação
Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegários), José Roberto de Sampaio Campos. Segundo cálculos da regional de
Santos do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), o acúmulo representa um
volume estimado de mais de
US$ 9 bilhões em mercadorias.
O porto de Santos movimenta,
por mês, cerca de 140 mil contêineres com 2 milhões de toneladas de produtos. "Está chegando ao limite, ao esgotamento da capacidade de manuseio",
diz o diretor de comércio exterior do Ciesp, Ricardo Martins.
Em caso de impossibilidade
de descarga, o navio procura o
porto seguinte, diz Campos. E
como todos os portos brasileiros estão na mesma situação,
ele acabará deixando a carga na
Argentina ou no Uruguai. Para
retornar, o que pode acontecer
por terra, os custos ficam por
conta do importador. "Aí, podem sair até mais que o dobro
do frete original", afirma.
A greve continua a prejudicar
principalmente as importações, mas seu prolongamento
poderá começar a afetar as exportações já na próxima semana, porque o acúmulo de carga
parada provoca também uma
falta de contêineres no mercado, afirma o diretor-executivo
da Abtra. "A situação se agrava
de hora em hora."
Transtornos
Ontem, a greve causou filas
em Uruguaiana e São Borja,
ambas na fronteira entre a Argentina e o Rio Grande do Sul,
onde se aglomeraram cerca de
1.600 caminhões. Em Santa Catarina, liminar da Justiça Federal obriga os auditores no porto
catarinense de São Francisco
do Sul a garantir o desembaraço de cargas em cinco dias.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ontem
que o governo irá descontar o
salário dos auditores pelos dias
não trabalhados a partir do dia
8 de abril, em respeito a uma
decisão do Supremo Tribunal
Federal. Para um desconto retroativo, o governo depende
ainda de um novo julgamento.
(JOANA CUNHA, PAULO DE ARAUJO e DIMITRI DO VALLE)
Texto Anterior: ONU pede mudança na agricultura para garantir segurança alimentar Próximo Texto: Aposentadorias: Marinho classifica projetos do Senado de "enganadores" Índice
|