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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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BNDES financiará base de vizinhos, diz Furlan

DO ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) disse ontem, em Frankfurt, que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está empenhado em financiar investimentos de infra-estrutura para toda a América do Sul.
Segundo ele, novos acordos com o Peru e com a Venezuela estão próximos de serem fechados.
"A América do Sul não tem se integrado fisicamente por falta de infra-estrutura. Hoje, é mais fácil viajar do Brasil para Miami [EUA] do que para Lima [Peru]", disse o ministro, durante discurso de abertura da 8ª Conferência Latino-Americana da Indústria Alemã, que reuniu cerca de 500 empresários alemães.
"Estamos trabalhando com projetos de fornecimento de recursos para o Peru e de uma parceria com a Venezuela para a área petroquímica. A idéia é que se desenvolvam novos projetos desse tipo, mas obviamente teremos que ter um processo, pois haverá dotações orçamentárias para isso", declarou Furlan.
O ministro não especificou como será esse programa de integração, mas disse que o Brasil, pelo seu poder econômico e político, vai assumir uma posição de porta-voz do Mercosul. "O futuro presidente [Néstor] Kirchner [Argentina] inclusive pediu ao presidente Lula que leve a posição da região para a reunião do G-8, em Evian, no próximo mês."
Furlan cobrou dos alemães uma posição de ajuda aos países emergentes. "Sabemos que a redução das desigualdades passa pela oportunidade que se dá aos países menos desenvolvidos de terem acesso aos mercados. Os países do Mercosul têm o desejo de adquirir bens duráveis, mas não têm renda para tanto. E a única maneira de fazer isso é levantando as barreiras comerciais e deixando-os negociar em áreas onde são competitivos", declarou. Em resposta, Axel Gerlach, secretário do Ministério da Economia da Alemanha, disse que seria errado dizer que o governo alemão está voltando as costas para a América Latina.
O ministro Furlan disse ainda que, devido ao andamento das negociações comerciais, um acordo bilateral entre Mercosul-União Européia está muito mais próximo do que a participação do Brasil na Alca (cujo cronograma prevê a implementação de uma área de livre comércio nas Américas a partir de 2005).
"Nós não nos fechamos a qualquer acordo comercial. Mas a discussão entre Mercosul e União Européia envolve dois negociadores. Já as conversas sobre a Alca envolvem 34 países diferentes, com pesos díspares", declarou o ministro. Furlan disse, entretanto, que um entrave importante é a derrubada de barreiras tarifárias que os europeus ergueram contra produtos latino-americanos.
"As propostas foram melhorando, mas ainda estão longe do ideal. Estamos pedindo alguns sistemas de cotas, alguns privilégios durante a transição." (MARCELO DIEGO)


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