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BNDES financiará base de vizinhos, diz Furlan
DO ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
O ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior) disse ontem, em Frankfurt, que o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está
empenhado em financiar investimentos de infra-estrutura para
toda a América do Sul.
Segundo ele, novos acordos
com o Peru e com a Venezuela estão próximos de serem fechados.
"A América do Sul não tem se
integrado fisicamente por falta de
infra-estrutura. Hoje, é mais fácil
viajar do Brasil para Miami
[EUA] do que para Lima [Peru]",
disse o ministro, durante discurso
de abertura da 8ª Conferência Latino-Americana da Indústria Alemã, que reuniu cerca de 500 empresários alemães.
"Estamos trabalhando com
projetos de fornecimento de recursos para o Peru e de uma parceria com a Venezuela para a área
petroquímica. A idéia é que se desenvolvam novos projetos desse
tipo, mas obviamente teremos
que ter um processo, pois haverá
dotações orçamentárias para isso", declarou Furlan.
O ministro não especificou como será esse programa de integração, mas disse que o Brasil, pelo seu poder econômico e político,
vai assumir uma posição de porta-voz do Mercosul. "O futuro
presidente [Néstor] Kirchner [Argentina] inclusive pediu ao presidente Lula que leve a posição da
região para a reunião do G-8, em
Evian, no próximo mês."
Furlan cobrou dos alemães uma
posição de ajuda aos países emergentes. "Sabemos que a redução
das desigualdades passa pela
oportunidade que se dá aos países
menos desenvolvidos de terem
acesso aos mercados. Os países do
Mercosul têm o desejo de adquirir
bens duráveis, mas não têm renda
para tanto. E a única maneira de
fazer isso é levantando as barreiras comerciais e deixando-os negociar em áreas onde são competitivos", declarou. Em resposta,
Axel Gerlach, secretário do Ministério da Economia da Alemanha,
disse que seria errado dizer que o
governo alemão está voltando as
costas para a América Latina.
O ministro Furlan disse ainda
que, devido ao andamento das
negociações comerciais, um acordo bilateral entre Mercosul-União
Européia está muito mais próximo do que a participação do Brasil na Alca (cujo cronograma prevê a implementação de uma área
de livre comércio nas Américas a
partir de 2005).
"Nós não nos fechamos a qualquer acordo comercial. Mas a discussão entre Mercosul e União
Européia envolve dois negociadores. Já as conversas sobre a Alca
envolvem 34 países diferentes,
com pesos díspares", declarou o
ministro. Furlan disse, entretanto,
que um entrave importante é a
derrubada de barreiras tarifárias
que os europeus ergueram contra
produtos latino-americanos.
"As propostas foram melhorando, mas ainda estão longe do
ideal. Estamos pedindo alguns
sistemas de cotas, alguns privilégios durante a transição."
(MARCELO DIEGO)
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