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CAMPO DOS SONHOS
Agricultor acumula 12 mil hectares de algodão e 8.000 hectares de soja em vários municípios de Goiás
"Rei do algodão" cultiva coleção de aviões
DA ENVIADA ESPECIAL
Nem bota nem chapéu. Com
gosto por jóias de ouro e com
uma coleção de aviões no hangar
da fazenda em Acreúna (GO)
-são sete ao todo-, o agricultor
Wander Carlos de Souza, 49, que
tem orgulho em se declarar o
maior produtor individual de algodão do mundo, encarna o universo empresarial da agricultura
brasileira.
Os 24 anos dedicados à agricultura lhe proporcionaram um padrão de vida impressionante. Esse
patrimônio se traduz no acúmulo
de 12 mil hectares de terras com
algodão em Goiás -o valor é
quase o triplo da área plantada em
Rio Verde- e 8.000 hectares de
soja espalhados por diversos municípios da região.
O perfil do produtor goiano não
difere dos de seus colegas da região no que se refere ao desinteresse por badalações e por viagens
para o exterior. Mas as semelhanças param aí.
Enquanto os demais produtores
ainda se intimidam com a recente
notoriedade provocada pelo afluxo de "agrodólares" na região,
Souza fica bastante à vontade para contar sua história.
Souza também não se mostra tímido para enumerar a sua coleção de aviões. Quatro aviões para
a pulverização (estimados em
US$ 200 mil cada um) e outras
três aeronaves para passeio, com
preços que variam de US$ 300 mil
a US$ 1 milhão. "Ainda não descobri o que eu gosto na vida. Só de
trabalhar. E de avião", explica.
Novo mimo
Com o impulso dos negócios do
algodão e da soja em 2002 -no
Brasil, o complexo soja exportou
US$ 6,09 bilhões-, o agricultor
se permitiu mais um mimo. Em
abril deste ano, comprou um jatinho Citation Mustang, da Cessna,
com cinco lugares. Valor de mercado: US$ 2,25 milhões.
Oriundo de uma família de agricultores, a trajetória profissional
de Souza corre paralelamente ao
desenvolvimento do sudoeste de
Goiás.
Em 1974, quando a região ainda
era praticamente inabitada, ele
plantou a sua primeira lavoura de
dez hectares de arroz em parceria
com o seu pai. "Nunca penso pequeno. Não me conformei com
dez hectares e logo procurei mais
terras para arrendar", diz.
O agricultor também não é modesto em afirmar que em todas as
culturas nas quais trabalhou sempre acabou por exercer a liderança da produção. "Em pouco tempo me tornei o maior produtor da
região de arroz", diz.
Prosperidade
Em seguida, vieram os cultivos
de soja e de milho, que ainda hoje
mantém. Mas foi o algodão que, a
partir de 1989, lhe assegurou a impressionante prosperidade. No
começo, a área total era de 250
hectares.
Hoje, a produção individual de
Souza está estimada em 4% da
produção nacional, de 2,2 milhões de toneladas.
Ao optar pelo algodão, o produtor foi na contramão dos negócios
da região. Souza conta que, na
ocasião, os produtores de Santa
Helena de Goiás -região goiana
tradicional na cotonicultura- estavam desestimulados e muitos
abandonaram a cultura. "Apostar
no algodão [naquela época] foi
meu grande acerto."
Atualmente, quase toda a sua
produção é destinada para a Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar. Essa relação com
o novo poder instalado em Brasília é cultivada pelo produtor. A foto do agricultor posando ao lado
do vice-presidente fica na entrada
do seu gabinete.
O empresário também espera
receber, em breve, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na sua fazenda em Acreúna.
Prefeito reeleito
Além de ser o "rei do algodão",
Souza acumula o segundo mandato consecutivo de prefeito de
Acreúna (153 km de Goiânia) pelo
PMDB.
A atual fase de prosperidade do
agronegócio brasileiro também
deu mais um "empurrãozinho"
para o produtor. Há um ano, Souza adquiriu terras no Estado vizinho de Mato Grosso. "O sudoeste
já está pequeno para as minhas
ambições", avalia.
O produtor comprou recentemente 30 mil hectares no Estado.
"Isso já é toda a área que eu cultivei ao longo da minha vida inteira. Minha meta ambiciosa: nos
próximos dois anos eu quero estar com 50 mil hectares de área
implantada lá." Quem duvida?
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