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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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COMÉRCIO MUNDIAL

Apesar do fracasso na OMC, presidente afirma que países desenvolvidos não impuseram sua vontade sobre o G21

"Saímos vitoriosos de Cancún", diz Lula

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o G21, grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil, saiu vitorioso da 5ª Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), apesar de a reunião em Cancún (México) ter terminado sem acordo. Segundo ele, os países desenvolvidos "não conseguiram impor a sua vontade" aos demais.
Lula exaltou a política externa de seu governo e atacou, sem citar nomes, o ex-chanceler Celso Lafer. "Ninguém respeita quem tira o sapato no aeroporto. Então, por favor, o ministro de Estado não pode tirar o sapato em nenhum país do mundo. Se tirar, já perdeu 50% do seu valor moral e ético", afirmou o presidente, durante solenidade de abertura da 37º Convenção Nacional de Supermercados, no Rio.
Em janeiro do ano passado, Lafer foi obrigado a tirar os sapatos e entregá-los a um agente de segurança durante inspeção antiterror no Aeroporto Ronald Reagan, em Washington.
Na época, o governo brasileiro, sob a Presidência de Fernando Henrique Cardoso, fez uma protesto formal ao subsecretário de Estado americano para a América Latina, Otto Reich, que pediu desculpas, mas alegou que não tinha autoridade sobre a segurança interna dos aeroportos dos EUA.
Segundo Lula, o Brasil não aceita mais ser tratado "como [um país] pequeno" pelos Estados Unidos e pela União Européia. Hoje, disse, o objetivo da política externa brasileira é buscar a integração da América do Sul e intensificar as relações comerciais com a África e o Oriente Médio.
"O dado concreto é que nós resolvemos deixar de ser tratados como pequenos, até porque eu aprendi na minha vida que ninguém respeita quem negocia de cabeça baixa. Ninguém respeita quem negocia de forma subalterna. É preciso a gente não andar com o pescoço empinado, ou seja, com prepotência, mas de cabeça erguida, defendendo os nossos interesses", afirmou. "Nós achamos que respeito é bom, nós gostamos. Queremos respeitar todo mundo porque queremos ser respeitados."
Para Lula, o que aconteceu em Cancún foi "uma novidade extraordinária" nas relações comerciais com os países desenvolvidos. "Eu acho que nós tivemos um tento excepcional, porque não conseguimos aprovar o que queríamos, mas, também, não foi permitido aprovar o que a UE e os EUA queriam, que era consolidar a política de subsídios deles."
Lula também defendeu o programa Fome Zero, que, segundo ele, "iluminou um porão da nossa história". Agradeceu à Abras (Associação Brasileira de Supermercados) pelo fato de a entidade pôr à disposição do programa sua rede de 70 mil estabelecimentos.
A Abras realiza anualmente, no Riocentro (Jacarepaguá, zona oeste do Rio), uma convenção e uma feira para supermercadistas e fornecedores.


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