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COMÉRCIO MUNDIAL
Apesar do fracasso na OMC, presidente afirma que países desenvolvidos não impuseram sua vontade sobre o G21
"Saímos vitoriosos de Cancún", diz Lula
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que o G21, grupo de países em desenvolvimento
liderado pelo Brasil, saiu vitorioso
da 5ª Conferência Ministerial da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), apesar de a reunião
em Cancún (México) ter terminado sem acordo. Segundo ele, os
países desenvolvidos "não conseguiram impor a sua vontade" aos
demais.
Lula exaltou a política externa
de seu governo e atacou, sem citar
nomes, o ex-chanceler Celso Lafer. "Ninguém respeita quem tira
o sapato no aeroporto. Então, por
favor, o ministro de Estado não
pode tirar o sapato em nenhum
país do mundo. Se tirar, já perdeu
50% do seu valor moral e ético",
afirmou o presidente, durante solenidade de abertura da 37º Convenção Nacional de Supermercados, no Rio.
Em janeiro do ano passado, Lafer foi obrigado a tirar os sapatos e
entregá-los a um agente de segurança durante inspeção antiterror
no Aeroporto Ronald Reagan, em
Washington.
Na época, o governo brasileiro,
sob a Presidência de Fernando
Henrique Cardoso, fez uma protesto formal ao subsecretário de
Estado americano para a América
Latina, Otto Reich, que pediu desculpas, mas alegou que não tinha
autoridade sobre a segurança interna dos aeroportos dos EUA.
Segundo Lula, o Brasil não aceita mais ser tratado "como [um
país] pequeno" pelos Estados
Unidos e pela União Européia.
Hoje, disse, o objetivo da política
externa brasileira é buscar a integração da América do Sul e intensificar as relações comerciais com
a África e o Oriente Médio.
"O dado concreto é que nós resolvemos deixar de ser tratados
como pequenos, até porque eu
aprendi na minha vida que ninguém respeita quem negocia de
cabeça baixa. Ninguém respeita
quem negocia de forma subalterna. É preciso a gente não andar
com o pescoço empinado, ou seja,
com prepotência, mas de cabeça
erguida, defendendo os nossos interesses", afirmou. "Nós achamos
que respeito é bom, nós gostamos. Queremos respeitar todo
mundo porque queremos ser respeitados."
Para Lula, o que aconteceu em
Cancún foi "uma novidade extraordinária" nas relações comerciais com os países desenvolvidos.
"Eu acho que nós tivemos um
tento excepcional, porque não
conseguimos aprovar o que queríamos, mas, também, não foi
permitido aprovar o que a UE e os
EUA queriam, que era consolidar
a política de subsídios deles."
Lula também defendeu o programa Fome Zero, que, segundo
ele, "iluminou um porão da nossa
história". Agradeceu à Abras (Associação Brasileira de Supermercados) pelo fato de a entidade pôr
à disposição do programa sua rede de 70 mil estabelecimentos.
A Abras realiza anualmente, no
Riocentro (Jacarepaguá, zona
oeste do Rio), uma convenção e
uma feira para supermercadistas
e fornecedores.
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