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Para Lafer, sua gestão iniciou "luta"
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer reagiu ontem
às críticas que o governo de Luiz
Inácio Lula da Silva fez à sua gestão no Itamaraty. Segundo ele, a
flexibilização que os EUA e a
União Européia mostraram em
Cancún quanto às negociações
para a liberação de importação de
produtos agrícolas é resultado do
trabalho realizado no governo de
Fernando Henrique Cardoso.
"É razoável que se respeite o
preceito do Direito Romano que
afirma ser preciso dar a cada um o
que é seu. Foi no governo Fernando Henrique Cardoso, quando eu
era chanceler, que o Brasil passou
a defender a abertura do comércio de produtos agrícolas", afirmou Lafer.
O ex-ministro disse que sua gestão no governo FHC também foi
marcada pela quebra de patentes
de remédios nos casos de grandes
necessidades sociais.
"Quebramos os direitos de propriedade dos remédios para Aids,
por exemplo. A partir daí é que
vieram os genéricos", afirmou.
Lafer disse que a grande vitória
do governo Lula em Cancún foi o
fortalecimento do G21 (grupo de
países em desenvolvimento que
inclui o Brasil, a China, a Índia e a
Nigéria) nas negociações com os
EUA e a União Européia.
Marco Aurélio Garcia, chefe da
assessoria especial de Lula, que se
encontrou com Lafer em um seminário sobre comércio exterior,
não escondia sua euforia com o
poder que o Brasil e o G21 conquistaram em Cancún.
"O Brasil liderou o G21 e deu
um alerta aos Estados Unidos e à
União Européia de que acabou o
tempo do "sim, senhor" nas relações internacionais", disse Garcia.
Ele afirmou que o Brasil não ficou apenas em uma posição defensiva em Cancún, mas também
adotou uma postura propositiva.
Garcia lamentou, no entanto,
que não tenha sido possível chegar a um entendimento. "Isso revela um certo enfraquecimento
da OMC, o que não é desejável.
Sem ela, é a barbárie."
Para Regis Arslanian, diretor do
departamento de negociações internacionais do Ministério das
Relações Exteriores, o importante
agora "é garantir que a retomada
das negociações na OMC ocorra a
partir do nível a que se chegou em
Cancún {com avanços obtidos pelo G21], no que diz respeito à
abertura a produtos agrícolas".
Para a portuguesa Maria João
Rodrigues, presidente do conselho das ciências sociais da Comissão Européia, o mundo somente
terá um ciclo de crescimento econômico quando a União Européia
eliminar restrições a importações
de produtos agrícolas. "Essa é minha opinião pessoal. Sei que vai
contra o que muita gente da
União Européia defende", disse
Rodrigues.
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