São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Corrupção é endêmica no Brasil, diz Bird

Presidente do Banco Mundial afirma que esse é o "grande tema" do país e que conversou recentemente com Lula sobre o assunto

Norte-americano usa a expressão "profundamente enraizada" ao responder a pergunta sobre denúncias de corrupção no governo


FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA

O presidente do Bird (Banco Mundial), Paul Wolfowitz, afirmou ontem, em Cingapura, que a corrupção é "um grande tema" no Brasil e que conversou recentemente sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Wolfowitz também usou as expressões "endêmica e profundamente enraizada" ao responder a pergunta da Folha sobre as denúncias de corrupção no Brasil envolvendo o Congresso Nacional e o governo federal.
"De fato, eu falei sobre o assunto com o presidente Lula, e eu não estou aqui para começar a falar sobre política no Brasil, mas acho que, quando você tem esses problemas... [hesita]. Vamos pegar a Indonésia, onde eu servi como embaixador por três anos. O país inteiro entende que a corrupção é um grande problema e que não é algo que você consegue resolver da noite para o dia", afirmou o norte-americano.
Em seguida, o presidente do Banco Mundial acrescentou: "Você não sai de um patamar de corrupção endêmica e profundamente enraizada para os níveis de... [hesita], podemos dar nossos exemplos favoritos. Quer dizer, certamente não o dos Estados Unidos, pois temos muitos problemas também. Penso na Suíça...".
Wolfowitz afirmou que o Banco Mundial, atualmente em uma "cruzada anticorrupção", chegou a examinar uma série de programas que o órgão desenvolve com o Brasil e com outros países para levantar possíveis casos de desvios de verbas.
"Tentamos olhar com muito cuidado esses programas e ninguém trouxe ao meu conhecimento problemas com o Brasil", disse ele.
Wolfowitz frisou várias vezes que o ataque à corrupção pelo Banco Mundial não visa "simplesmente reduzir o volume de nossos empréstimos".
De acordo com ele, o ano passado registrou um recorde nos repasses do banco, de US$ 9,5 bilhões. Quase a metade foi dirigida à África -apontada como prioridade.

Transparência
O Banco Mundial também lançou ontem estudo inédito realizado em 200 países para aferir o grau de transparência em termos de responsabilidade do setor público, controle da corrupção e aplicação da lei, entre outros.
Uma tabela com seis cores, do vermelho (pior) ao verde (melhor), dá uma idéia do grau de progresso nos países em cada um dos itens. O Brasil aparece na zona intermediária, com as cores laranja e amarela, sem nenhum tom de verde.
No ranking do organismo, países como Islândia e Finlândia aparecem no extremo positivo (verde escuro). Zimbábue e Somália estão na outra ponta, vermelho escuro.


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