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Corrupção é endêmica no Brasil, diz Bird
Presidente do Banco Mundial afirma que esse é o "grande tema" do país e que conversou recentemente com Lula sobre o assunto
Norte-americano usa a
expressão "profundamente
enraizada" ao responder a
pergunta sobre denúncias
de corrupção no governo
FERNANDO CANZIAN
DO ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA
O presidente do Bird (Banco
Mundial), Paul Wolfowitz, afirmou ontem, em Cingapura, que
a corrupção é "um grande tema" no Brasil e que conversou
recentemente sobre o assunto
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Wolfowitz também usou as
expressões "endêmica e profundamente enraizada" ao responder a pergunta da Folha sobre as denúncias de corrupção
no Brasil envolvendo o Congresso Nacional e o governo federal.
"De fato, eu falei sobre o assunto com o presidente Lula, e
eu não estou aqui para começar
a falar sobre política no Brasil,
mas acho que, quando você
tem esses problemas... [hesita].
Vamos pegar a Indonésia, onde
eu servi como embaixador por
três anos. O país inteiro entende que a corrupção é um grande problema e que não é algo
que você consegue resolver da
noite para o dia", afirmou o
norte-americano.
Em seguida, o presidente do
Banco Mundial acrescentou:
"Você não sai de um patamar
de corrupção endêmica e profundamente enraizada para os
níveis de... [hesita], podemos
dar nossos exemplos favoritos.
Quer dizer, certamente não o
dos Estados Unidos, pois temos muitos problemas também. Penso na Suíça...".
Wolfowitz afirmou que o
Banco Mundial, atualmente
em uma "cruzada anticorrupção", chegou a examinar uma
série de programas que o órgão
desenvolve com o Brasil e com
outros países para levantar
possíveis casos de desvios de
verbas.
"Tentamos olhar com muito
cuidado esses programas e ninguém trouxe ao meu conhecimento problemas com o Brasil", disse ele.
Wolfowitz frisou várias vezes
que o ataque à corrupção pelo
Banco Mundial não visa "simplesmente reduzir o volume de
nossos empréstimos".
De acordo com ele, o ano
passado registrou um recorde
nos repasses do banco, de US$
9,5 bilhões. Quase a metade foi
dirigida à África -apontada como prioridade.
Transparência
O Banco Mundial também
lançou ontem estudo inédito
realizado em 200 países para
aferir o grau de transparência
em termos de responsabilidade
do setor público, controle da
corrupção e aplicação da lei,
entre outros.
Uma tabela com seis cores,
do vermelho (pior) ao verde
(melhor), dá uma idéia do grau
de progresso nos países em cada um dos itens. O Brasil aparece na zona intermediária, com
as cores laranja e amarela, sem
nenhum tom de verde.
No ranking do organismo,
países como Islândia e Finlândia aparecem no extremo positivo (verde escuro). Zimbábue e
Somália estão na outra ponta,
vermelho escuro.
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