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Volta à África é decisão política, diz historiador
DA SUCURSAL DO RIO
A volta das empresas brasileiras à África e o aumento
do intercâmbio comercial
com o continente são resultado de uma decisão política,
na avaliação do historiador e
diplomata Alberto da Costa e
Silva.
Para Costa e Silva, o país
está retomando as iniciativas
tomadas na década de 70,
quando o embaixador Mario
Gibson Barboza liderou missão de aproximação com a
África que passou por países
como Costa do Marfim, Togo, Benin, Zaire [atual República Democrática do Congo], Gabão, Camarões, Nigéria e Senegal. "Fui embaixador na Nigéria e, na época,
até caderno escolar era feito
com papel brasileiro."
Segundo o historiador, o
Brasil voltou a se aproximar
da África nos últimos cinco
anos. "A África não é só um
mercado estratégico. Ela é
um parceiro importante para o Brasil e funciona como
nossa fronteira leste. Problemas que ocorrem lá repercutem aqui. Quando havia
guerra civil em Angola, para
onde vinham os angolanos?",
questiona.
O embaixador da Nigéria
no Brasil, Kayode Garrick,
destaca a importância do aumento da atração de investimentos de países como China, Índia, Malásia e até mesmo do Brasil para o continente africano. "O mundo
não está apenas redescobrindo a África, mas começando
a reconhecê-la como um parceiro financeiro, onde muito
crescimento econômico terá
lugar", diz.
O maior acesso do capital
internacional à África é resultado de um momento importante de consolidação
institucional, na avaliação do
embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral político do Ministério de Relações Exteriores. A aproximação do Brasil com o continente pode ser medida pela
maior representação de embaixadas. "Ampliamos para
30 e provavelmente teremos
31 embaixadas, o que faz do
Brasil um dos países mais representados na África."
Investimentos
Em artigo publicado no
"Washington Post", Princeton Lyman, do Conselho de
Investimento Estrangeiro,
afirma que os EUA têm outras razões além das questões humanitárias para prestar mais atenção na África.
Segundo ele, o continente é
alvo de investimentos da
China, da Índia, da Malásia,
da Coréia do Sul, do Brasil e
de outros países de crescimento acelerado. O diplomata destaca que a África já responde por 15% das importações de petróleo dos EUA,
quase o mesmo patamar que
as do Oriente Médio.
Para José Alves Donizeth,
professor de ciência política
da UnB, especialista em estudos africanos, o continente
não está vivendo um momento virtuoso, apesar do
acelerado ritmo de crescimento verificado em alguns
países. "O que há são matérias-primas baratas e disponíveis. Essa procura maior é
natural do sistema capitalista, não é um despertar para a
justiça social da África."
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