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Bresser critica equipe de FHC e vê moratória
DO PAINEL S.A.
Em artigo de 35 páginas, com
duras críticas à equipe econômica
do governo, apresentado na segunda-feira num seminário fechado no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o ex-ministro Luiz
Carlos Bresser Pereira, 68, afirma
que "existe uma possibilidade
concreta de os credores obrigarem o país ao "default" (moratória
da dívida)".
Segundo ele, se os credores externos não continuarem a renovar os créditos, o Brasil terá de ser
obrigado a suspender o pagamento da dívida. "Espero que os credores externos tomem juízo e voltem a renovar os créditos, senão o
Brasil será obrigado a fazer o "default'".
Bresser Pereira diz que o Brasil
já tem de começar a pensar num
plano B para defender a economia interna. "É fundamental que
o governo comece a pensar seriamente numa estratégia para reduzir o prejuízo do país, no caso da
moratória."
A decisão do Banco Central de
aumentar os juros já foi no sentido de tentar segurar o câmbio para proteger as empresas. "Se o
câmbio for para a lua, quebram as
empresas", diz.
Bresser Pereira espera, no entanto, que o Brasil não seja obrigado a seguir esse caminho, já que
a economia está se recuperando.
"O saldo comercial do país neste
ano já está acima de US$ 9 bilhões."
Bresser Pereira diz que "a atual
crise do balanço de pagamentos
está relacionada com as eleições
que se avizinham, com a expectativa de vitória da oposição, mas
não há dúvida de que ela reflete
uma política gravemente equivocada por parte da equipe econômica chefiada pelo ministro Pedro Malan".
De acordo com Bresser Pereira,
"nos oito anos a equipe econômica e as elites que ela representa erraram ao adotarem ou apoiarem
uma política de altos juros, que
impede o investimento enquanto
aprofunda o endividamento público, e de câmbio baixo, que produz a felicidade no curto prazo à
custa da crise cambial anunciada".
No artigo, Bresser Pereira critica
indiretamente também o Departamento de Economia da PUC do
Rio pela política econômica do
governo. Em nota de rodapé, ele
diz que todos os economistas em
postos-chaves no governo são
originários ou fazem parte do corpo docente da PUC do Rio.
Bresser Pereira diz que o governo FHC pode ser considerado
bem-sucedido nos planos social e
ético, mas frustrante em termos
de desempenho da economia. Ele
atribui esse "desastre econômico"
a três fatores: uma agenda econômica equivocada, ao Consenso de
Washington (a cartilha neoliberal
da globalização) e à alienação da
elite brasileira.
Para ele, essas três razões explicam também o fato de ser tão difícil eleger o candidato do governo
à Presidência.
Bresser Pereira foi ministro da
Ciência e Tecnologia e da Administração, no governo FHC, e da
Fazenda, no governo Sarney.
(GUILHERME BARROS)
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