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ÚLTIMOS CARTUCHOS
Ganho é mensal, mas, se juro básico e compulsório se mantiverem, lucro pode chegar a R$ 5,78 bi por ano
Bancos ganham R$ 480 mi com medidas
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos vão ganhar aproximadamente R$ 480 milhões por
mês com algumas das medidas
tomadas pelo Banco Central para
tentar conter a alta do dólar. Se o
aumento do recolhimento compulsório e dos juros básicos da
economia anunciado nos últimos
dias se mantiver por muito tempo, os ganhos podem chegar a R$
5,78 bilhões por ano.
Na sexta-feira passada, um dia
depois de o dólar ultrapassar a
barreira dos R$ 4, o BC anunciou
uma série de medidas que tinham
por objetivo reduzir a margem
dos bancos para atuar no mercado de câmbio. Uma delas foi o aumento da alíquota do recolhimento compulsório.
O compulsório é o dinheiro que
os bancos são obrigados a recolher no BC. No caso das contas
correntes, por exemplo, a alíquota
passou de 48% para 53%. Isso significa que, a cada R$ 100 depositados pelos clientes, os bancos precisarão manter R$ 53 no BC.
O mesmo ocorreu com a alíquota do compulsório sobre caderneta de poupança, que passou
de 25% para 30%, e sobre depósitos a prazo (como os Certificados
de Depósito Bancário e aplicações
em debêntures), que foi elevada
de 18% para 23%. Nas contas do
BC, os aumentos no compulsório
devem retirar R$ 14,2 bilhões das
mãos dos bancos.
Em geral, o BC remunera o dinheiro recolhido da seguinte maneira: o compulsório que incide
sobre as cadernetas é corrigido
pela mesma taxa oferecida aos
poupadores: 0,5% ao mês mais a
variação da TR (Taxa Referencial), o equivalente a aproximadamente 8% ao ano. O compulsório
sobre depósitos em conta corrente não é corrigido, e o que incide
sobre depósitos a prazo acompanha a variação dos juros básicos
da economia.
Os R$ 14,2 bilhões adicionais
que começam a ser cobrado dos
bancos hoje, porém, serão remunerados sempre pela taxa Selic,
superior às taxas que corrigem o
compulsório sobre depósitos em
conta corrente e poupança. Por
causa dessa diferença, as instituições financeiras ganharão R$ 127
milhões a cada mês, o que equivale a R$ 1,5 bilhão por ano.
Os bancos também ganham
com o aumento da taxa Selic, que
anteontem passou de 18% para
21% ao ano. A decisão foi tomada
em reunião extraordinária do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), realizada uma semana
antes da reunião mensal, marcada
para os próximos dias 22 e 23.
A idéia é incentivar os investidores a colocar seu dinheiro em
aplicações de renda fixa, que passam a ser mais rentáveis, em vez
de comprar dólares. O lado negativo é o encarecimento do crédito,
que colabora para o desaquecimento da economia.
A taxa Selic remunera grande
parte dos títulos públicos em circulação no mercado. Segundo dados do Tesouro Nacional, os bancos possuíam R$ 141,8 bilhões em
papéis pós-fixados, que são corrigidos pelos juros básicos.
Com o aumento de três pontos
percentuais da taxa Selic, o ganho
mensal das instituições financeiras com esse tipo de aplicação sobe R$ 354 milhões, podendo chegar a R$ 4,3 bilhões em um ano.
No final das contas, os bancos
ganharão cerca de R$ 480 milhões
por mês com as duas medidas,
enquanto elas estiverem em vigor.
Se as regras se mantiverem por
mais um ano, o lucro chegará a R$
5,78 bilhões.
Isso não significa que os bancos
efetivamente apresentarão esses
lucros em seus balanços, pois o
resultado financeiro das instituições depende de várias outras
operações.
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