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Dívida deve ter impacto de R$ 10 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento dos juros decidido
anteontem pelo Banco Central
pode ter um impacto de até R$ 10
bilhões na dívida pública. Esse será o tamanho do aumento no endividamento do governo caso a
taxa Selic, que passou de 18% para
21% ao ano, não seja alterada pelo
prazo de um ano.
Segundo dados fechados pelo
Tesouro Nacional, estavam em
circulação no mês de agosto aproximadamente R$ 340 bilhões em
títulos da dívida pública brasileira
que são corrigidos pela taxa Selic.
Isso equivale a quase metade dos
R$ 784 bilhões da dívida líquida
do setor público (União, Estados,
municípios e estatais) também
em agosto, o mais recente dado
oficial disponível.
O aumento dos juros afeta diretamente essa parcela da dívida.
Mantida por um ano, a elevação
de três pontos percentuais na taxa
Selic provocaria um aumento de
R$ 10 bilhões no endividamento
do governo.
Esse efeito pode ser compensado caso o aumento dos juros consiga frear a alta do dólar, que, neste ano, é o principal responsável
pela explosão da dívida pública.
Entre janeiro e agosto, o endividamento cresceu R$ 123 bilhões, dos
quais R$ 89 bilhões correspondem ao impacto do dólar nas contas do governo.
Copom
Manter a taxa de câmbio sob
controle foi um dos objetivos do
BC ao decidir pela elevação da taxa Selic. O aumento dos juros foi
decidido na última segunda-feira,
em uma reunião extraordinária
do Copom (Comitê de Política
Monetária do BC). Na sexta-feira
passada, o BC já havia anunciado
um conjunto de medidas que pretendiam limitar a atuação dos
bancos no mercado de câmbio.
Na manhã de segunda-feira o
dólar abriu em alta, e o BC convocou a reunião extraordinária do
Copom onde se decidiu pela elevação dos juros. Em tese, juros altos estimulam os investimentos
em aplicações de renda fixa, colaborando para reduzir a procura
por dólares.
Atração de capital
Além disso, juros elevados podem ainda servir para atrair investidores estrangeiros que procurem essas aplicações de renda
fixa, que se tornam mais rentáveis. Foi o que aconteceu, por
exemplo, em 1998, quando a desconfiança trazida pela crise russa
fez o BC elevar os juros para mais
de 40% ao ano, numa tentativa de
atrair capital externo para o país.
Naquela ocasião, porém, o Brasil ainda adotava o sistema de
câmbio controlado, em que a cotação do dólar era mantida próxima de R$ 1 pelo governo. Os dólares atraídos com os juros elevados, na época, eram principalmente capital de curto prazo, de
caráter especulativo.
Depois, em 1999, o governo promoveu a desvalorização cambial e
adotou o câmbio flutuante.
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