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ÚLTIMOS CARTUCHOS
Magazine Luiza, banco Fiat, Cacique e Servloj preparam nova tabela de juros para financiar clientes
Consumidor já paga mais caro por crédito
FÁTIMA FERNANDES
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor vai pagar mais
caro pelo financiamento já na semana que vem. O aumento de
18% para 21% na taxa básica de
juros levou lojas, financeiras e
bancos das montadoras a elevar
em até 0,5 ponto percentual os juros cobrados dos clientes.
Algumas empresas só não
anunciaram aumentos nos juros
porque não foram aos bancos
buscar novos recursos e, portanto, não sabem quais serão as novas taxas cobradas por eles. Além
disso, temem perder mais clientes
justamente no último trimestre
do ano, o melhor período de vendas do comércio.
O Magazine Luiza, rede com 117
lojas, deve elevar os juros de financiamento de 0,4 a 0,5 ponto
percentual a partir de segunda-feira. Até o final desta semana, a
rede continuará cobrando de 3%
a 5,9% ao mês de juros no crediário. Os prazos, que se estendem
por até 19 meses, serão mantidos.
""Com tanta indefinição no mercado, alongar prazos não é bom
negócio. O preço final do produto
fica tão alto que o consumidor
não consegue pagar", afirma João
Bosco Cordeiro, diretor da rede.
A Servloj, financeira que administra o crediário de 600 lojas no
Brasil, também vai aumentar os
juros em mais 0,3 ponto percentual ao mês a partir de segunda. A
direção da financeira esperava
que, passadas as eleições, houvesse crescimento nas vendas. Mas a
alta dos juros básicos feita pelo BC
frustrou qualquer esperança.
Neste trimestre, a Servloj estima
uma queda de 5% nas vendas financiadas. "Foi uma paulada nas
lojas que dependem de crediário
para vender. Não há outra saída.
Teremos de repassar [o aumento
dos juros]", diz Oswaldo de Freitas Queiroz, sócio-diretor.
O banco Cacique, que administra o crediário de 4.000 pontos-de-venda no país, vai aumentar
em 0,3 ponto percentual os juros.
Hoje, a taxa é de 6,5% ao mês.
Wanderley Vettore, diretor do
banco, diz que aumento dos juros
não será o principal motivador da
queda nas vendas, mas, sim, a intensidade com que a medida se
propaga entre os consumidores.
"O consumidor fica tão assustado
que desiste de comprar", afirma.
O banco previra fechar o ano
com expansão de 5% nas vendas
financiadas na comparação com
o ano passado. Agora estima que
vai faturar o mesmo que em 2001
-isto é, o crescimento será zero.
Maior rede de supermercados
do país, o Pão de Açúcar sustenta
que, por ora, não alterará as taxas
de juros ou prazos de financiamento nas lojas Pão de Açúcar,
Barateiro e Extra. A Folha apurou, no entanto, que a rede deve
promover aumento nas taxas assim como outras redes de supermercados que dependem de dinheiro de bancos para financiar
as compras dos clientes.
Seu principal concorrente, o
Carrefour, informou, por meio de
sua assessoria, que ainda está avaliando o impacto da decisão do
BC de elevar os juros. O argumento da rede é que, desde 11 de julho
de 2001, em compras com prazos
de três, cinco e 12 meses, a taxa
permanece inalterada.
O próprio Carrefour, no entanto, recorre a uma instituição financeira para bancar a venda a
prazo com seu cartão, em que as
parcelas variam de 3 a 24.
Dos bancos ligados a montadoras consultados pela Folha, o banco Fiat foi o único a confirmar ontem que irá aumentar as taxas de
juros nos financiamentos de veículos. "Para continuarmos com
um nível de atividade mínimo,
pois as vendas já estão ruins, iremos repassar o menor aumento
possível", diz Celso Fernandes,
diretor comercial do banco. O
banco GM informa que está analisando as novas taxas de juros.
A Abecs, associação que reúne
as administradoras de cartão de
crédito, informou que, se houver
aumento nas taxas, isso será a
partir da semana que vem, quando as empresas tiverem de buscar
recursos no mercado financeiro.
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