São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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ÚLTIMOS CARTUCHOS

Magazine Luiza, banco Fiat, Cacique e Servloj preparam nova tabela de juros para financiar clientes

Consumidor já paga mais caro por crédito

FÁTIMA FERNANDES
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor vai pagar mais caro pelo financiamento já na semana que vem. O aumento de 18% para 21% na taxa básica de juros levou lojas, financeiras e bancos das montadoras a elevar em até 0,5 ponto percentual os juros cobrados dos clientes.
Algumas empresas só não anunciaram aumentos nos juros porque não foram aos bancos buscar novos recursos e, portanto, não sabem quais serão as novas taxas cobradas por eles. Além disso, temem perder mais clientes justamente no último trimestre do ano, o melhor período de vendas do comércio.
O Magazine Luiza, rede com 117 lojas, deve elevar os juros de financiamento de 0,4 a 0,5 ponto percentual a partir de segunda-feira. Até o final desta semana, a rede continuará cobrando de 3% a 5,9% ao mês de juros no crediário. Os prazos, que se estendem por até 19 meses, serão mantidos.
""Com tanta indefinição no mercado, alongar prazos não é bom negócio. O preço final do produto fica tão alto que o consumidor não consegue pagar", afirma João Bosco Cordeiro, diretor da rede.
A Servloj, financeira que administra o crediário de 600 lojas no Brasil, também vai aumentar os juros em mais 0,3 ponto percentual ao mês a partir de segunda. A direção da financeira esperava que, passadas as eleições, houvesse crescimento nas vendas. Mas a alta dos juros básicos feita pelo BC frustrou qualquer esperança.
Neste trimestre, a Servloj estima uma queda de 5% nas vendas financiadas. "Foi uma paulada nas lojas que dependem de crediário para vender. Não há outra saída. Teremos de repassar [o aumento dos juros]", diz Oswaldo de Freitas Queiroz, sócio-diretor.
O banco Cacique, que administra o crediário de 4.000 pontos-de-venda no país, vai aumentar em 0,3 ponto percentual os juros. Hoje, a taxa é de 6,5% ao mês.
Wanderley Vettore, diretor do banco, diz que aumento dos juros não será o principal motivador da queda nas vendas, mas, sim, a intensidade com que a medida se propaga entre os consumidores. "O consumidor fica tão assustado que desiste de comprar", afirma.
O banco previra fechar o ano com expansão de 5% nas vendas financiadas na comparação com o ano passado. Agora estima que vai faturar o mesmo que em 2001 -isto é, o crescimento será zero.
Maior rede de supermercados do país, o Pão de Açúcar sustenta que, por ora, não alterará as taxas de juros ou prazos de financiamento nas lojas Pão de Açúcar, Barateiro e Extra. A Folha apurou, no entanto, que a rede deve promover aumento nas taxas assim como outras redes de supermercados que dependem de dinheiro de bancos para financiar as compras dos clientes.
Seu principal concorrente, o Carrefour, informou, por meio de sua assessoria, que ainda está avaliando o impacto da decisão do BC de elevar os juros. O argumento da rede é que, desde 11 de julho de 2001, em compras com prazos de três, cinco e 12 meses, a taxa permanece inalterada.
O próprio Carrefour, no entanto, recorre a uma instituição financeira para bancar a venda a prazo com seu cartão, em que as parcelas variam de 3 a 24.
Dos bancos ligados a montadoras consultados pela Folha, o banco Fiat foi o único a confirmar ontem que irá aumentar as taxas de juros nos financiamentos de veículos. "Para continuarmos com um nível de atividade mínimo, pois as vendas já estão ruins, iremos repassar o menor aumento possível", diz Celso Fernandes, diretor comercial do banco. O banco GM informa que está analisando as novas taxas de juros.
A Abecs, associação que reúne as administradoras de cartão de crédito, informou que, se houver aumento nas taxas, isso será a partir da semana que vem, quando as empresas tiverem de buscar recursos no mercado financeiro.


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