São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empréstimos bancários devem se retrair mais

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda no volume de crédito concedido pelos bancos, sentida pela primeira vez no ano em agosto, deve se acentuar após as últimas medidas tomadas pelo BC.
O aumento da alíquota do compulsório -dinheiro que os bancos são obrigados a recolher no Banco Central- na semana passada já tinha força suficiente para retrair ainda mais o crédito, na avaliação de economistas e analistas de mercado. Com a decisão de aumentar os juros básicos de 18% para 21% anuais na segunda-feira, o cenário tende a piorar.
"O aperto nas linhas de crédito concedidas pelo mercado tanto para pessoa física quanto jurídica vai se acentuar. Os juros ficarão mais caros, a inadimplência tem tudo para aumentar e o volume emprestado pelas instituições financeiras vai cair ainda mais", afirma Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Por um cálculo feito pelo analista, a cada ponto percentual que a taxa básica de juros sobe, o volume de crédito concedido recua cerca de 0,85 ponto percentual.
Em agosto, segundo os últimos dados disponíveis do BC, o montante de crédito concedido pelos bancos para pessoa física e jurídica ficou em R$ 208 bilhões, contra R$ 213 bilhões registrados no mês anterior.
Além de o volume de crédito ter caído em agosto, os juros registraram uma pequena elevação. Na média, os juros ficaram em 62,9% ao ano. Em junho, a taxa média foi de 59,6% anuais. A alta no custo médio dos empréstimos veio mesmo com a Selic (taxa básica de juros) recuando de 18,5% para 18% ao ano em julho.
"O crédito vai ficar ainda mais caro. Isso é muito negativo para a economia, que deve parar de vez", afirma Coelho.
No mercado internacional, a situação do crédito destinado a empresas no Brasil não é diferente. Além de escassas, as linhas disponíveis seguem com altos custos.


Texto Anterior: Consumidor já paga mais caro por crédito
Próximo Texto: Opinião econômica: Plano 2020: ataque e defesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.