UOL


São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maior importação de máquinas antecipa tendência

DA REPORTAGEM LOCAL

Um sinal de que os empresários estão mais animados para investir já apareceu nos dados de importação de bens de capital, entre os quais estão incluídos máquinas e equipamentos. Após 20 meses em queda, a importação de bens de capital voltou a crescer em setembro: 4,9% sobre igual mês de 2002.
Em outubro, a importação cresceu mais ainda: 30,9% sobre igual período do ano passado. "Tudo indica que, neste mês, a aquisição de bens de capital do exterior vá se manter num ritmo forte", afirma José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Na sua análise, esses números mostram claramente que os empresários estão mais otimistas por conta das exportações e também da retomada de alguns setores da economia neste semestre. "Ainda não dá para dizer se o investimento se destina a modernizar fábricas ou a ampliar a capacidade, mas, nos dois casos, deve resultar em aumento de produtividade."

Telefones voltam a tocar
Outro dado que pode mostrar recuperação da atividade econômica, na sua análise, é o aumento nas importações de matérias-primas e bens intermediários (como chapas de aço).
Em outubro, a importação desses produtos subiu 18,1% sobre igual mês de 2002, de US$ 2,15 bilhões para US$ 2,54 bilhões. Em setembro, já havia crescido 22,3% sobre igual mês do ano passado.
"Não sabemos se essa importação vai atender o mercado interno ou o externo e se é duradoura ou passageira, mas, de qualquer forma, indica aumento da atividade do país."
Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq, associação que reúne a indústria de máquinas, informa que, em outubro, o mercado deu sinais de recuperação. "O telefone das empresas não tocava e passou a tocar", afirma.
"De janeiro a setembro", diz Delben Leite, "o faturamento real do setor caiu 17,2% em comparação com igual período do ano passado". As exportações cresceram 30,7% e as importações caíram 12,5% no período. "Isso mostra que a queda no mercado interno foi maior."

Reação do setor têxtil
As indústrias que demandam mais máquinas e equipamentos são as ligadas à agricultura e aos setores de petróleo e gás, que já estavam mais aquecidos. "O setor têxtil começou a reagir agora. Algumas indústrias também estão encomendando equipamentos para controle de qualidade", diz Delben Leite.
A Abdib, associação que reúne as indústrias de base, informa que o país precisa de US$ 20 bilhões por ano em investimentos, mas, neste ano, esse número não deve chegar à metade. "O que sustenta um ciclo longo de investimentos são os gastos públicos, e não há nem sinal de que eles vão aumentar no próximo ano", afirma Ricardo Carneiro, da Unicamp.


Texto Anterior: Reação: Empresas pretendem investir mais em 2004
Próximo Texto: Previdência privada: Saiba o que mudou nos fundos de pensão
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.