São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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HORA DO AJUSTE

Sindicalistas dizem que pedirão aumento maior e antecipação da data do reajuste do salário mínimo

Frustradas, centrais pressionarão Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As centrais sindicais prometem pressionar o Congresso Nacional na tentativa de garantir um aumento maior que o anunciado pelo governo para o salário mínimo no próximo ano. Elas também pretendem negociar uma antecipação da data do reajuste.
"Nós estamos bastante frustrados com relação ao salário mínimo. Viemos para cá dispostos a aceitar R$ 300 em janeiro e não em maio", declarou o líder da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que o reajuste foi anunciado.
Durante o encontro, cerca de mil sindicalistas se aglomeravam em frente ao Palácio do Planalto. Eles chegaram a Brasília depois de três dias de marcha em defesa de um aumento digno para o mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e um aumento para o funcionalismo público federal. A marcha foi organizada por seis centrais sindicais.
"Isso [aumento para R$ 300] já é uma conquista da marcha, mas para nós ainda é insuficiente. Portanto, nós vamos pressionar o Congresso para aumentar esse valor", disse o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho. Tanto ele quanto Paulinho usavam bermuda e tênis na audiência com o presidente.
Na reunião, Lula comparou o aumento do salário mínimo às negociações que as próprias centrais fazem ao discutir o reajustes salariais de seus funcionários. "Quando vocês negociam salário, vocês não prometem reajustes que não tenham sustentabilidade", disse o presidente, segundo relato de participantes da reunião.
Lula ganhou um boné de representantes da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) durante o encontro e brincou com a CUT: "Marinho, você devia ter me dado um primeiro". A CUT é o braço sindical do PT.
Para os ministros que participaram da reunião de ontem, os sindicalistas pediram que o aumento para R$ 300 fosse antecipado para março. Outro pedido foi um aumento para R$ 310 em maio. "Mas eles disseram que não", afirmou Paulinho.

Congresso
Na avaliação de Paulinho, o Congresso deverá ceder aos apelos dos trabalhadores, pois em 2006 haverá eleições. "A gente fica com a impressão de que é fácil arrumar dinheiro aqui para banqueiro, para grandes empresários, mas para o trabalhador é muito difícil", concluiu.
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse que o Legislativo é soberano para alterar a proposta do governo. "Mas essa é uma conta que tem impactos cruzados. Se houver um aumento maior, precisará haver cortes em outros tipos de despesas", disse.
(JS)


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