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Valor não acompanha cesta básica
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Toda discussão sobre o salário
mínimo é acalorada, mas no final
a definição do novo valor é sempre a mesma: mal dá para o assalariado comprar uma cesta básica
mensal durante os 12 meses seguintes em que receberá o novo
valor definido.
Olhando pelo lado da inflação,
parece que vai tudo bem com o
salário mínimo. Desde 94, o mínimo teve evolução real de 70% sobre a variação do INPC do IBGE.
A comparação com a evolução
da cesta básica do Dieese, no entanto, aponta que o valor mal
acompanha o custo dos produtos
essenciais para a sobrevivência de
uma família, sem considerar vestuário, transporte e habitação.
Como o reajuste do salário mínimo é anual, no 12º mês o valor
recebido nem dá para a aquisição
de uma cesta básica. Em 2002,
quando entrou em vigor o valor
de R$ 200, o mínimo dava para
comprar 1,3 cesta básica. Em abril
de 2003, último mês de vigência,
comprava apenas 96% de uma
cesta. Essa tem sido uma tendência também dos outros anos.
Regulamentado em 1º de maio
de 1940 por Getúlio Vargas, o mínimo previa suprir as necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene, transporte e previdência de um adulto.
Na atual Constituição, o mínimo
deve prover as necessidades também de sua família.
Esses parâmetros foram perdidos com o passar dos anos, e o mínimo, para cumprir essas necessidades, deveria ser de R$ 1.440, segundo o Dieese. Atualmente, 12%
dos trabalhadores com carteira
assinada ganham até um mínimo.
Já no caso dos sem carteira assinada, mas com emprego, o percentual é de 50%.
Os períodos mais conturbados
de reajustes do mínimo ocorreram quando a inflação era elevada. Em 92, a simples reposição da
inflação provocou forte alvoroço:
empregados domésticos foram
demitidos, o mesmo ocorrendo
com os de microempresas.
No mesmo ano, o então ministro do Trabalho Walter Barelli
prometia o mínimo de US$ 200
até o final do governo Itamar
Franco. No ano seguinte, na "malhação" do Judas, trabalhadores
"surraram" o mínimo pelo país.
Em 1996, o PT iniciou uma campanha contra o governo Fernando Henrique Cardoso para a recuperação histórica do mínimo,
problema enfrentado atualmente
pelo próprio PT.
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