São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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INTEGRAÇÃO

Bielsa não comparece a reunião de chanceleres do Mercosul, em Belo Horizonte; Amorim descarta retaliações

Chanceler da Argentina falta a encontro

Jorge Araújo/Folha Imagem
Ministros de países do Mercosul abrem reunião no Palácio das Artes, ontem, em Belo Horizonte


CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O chanceler da Argentina, Rafael Bielsa, faltou no primeiro dia da reunião de ministros das Relações Exteriores do Mercosul, ontem, em Belo Horizonte. Em seu lugar foi enviado o coordenador nacional do Mercosul, embaixador Alfredo Chiaradia.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, justificou a ausência de Bielsa. "É evidente que quando há acúmulo de reuniões, há dificuldade de comparecimento a todas elas. Já me fiz representar pelo vice-chanceler", disse. "Não há esvaziamento [da reunião], a Argentina está muito bem representada."
Apesar da declaração de Amorim, a Folha apurou que o Itamaraty considerou uma descortesia a ausência do chanceler argentino.
Os governos do Brasil e da Argentina resolveram excluir as divergências comerciais entre os dois principais sócios do bloco da agenda do encontro de cúpula do Mercosul, que ocorre hoje em Belo Horizonte, e amanhã em Ouro Preto. Desde segunda-feira, tem havido reuniões técnicas em Belo Horizonte.
Mas a questão bilateral poderá ser retomada reservadamente entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Néstor Kirchner, caso o argentino venha. Eles terão, em Minas, a única oportunidade de conversar frente a frente sobre o assunto antes de a diplomacia dos dois países retomar as discussões em janeiro.
Amorim disse que não há um encontro específico entre eles para tratar do tema, mas afirmou que, como estarão juntos em muitos momentos, poderão, se quiserem, discutir as pendengas.

Salvaguardas
O ministro não descartou totalmente a idéia da Argentina de incluir salvaguardas automáticas no Mercosul. "Quando um diplomata diz não, ele não é um diplomata." Ele defendeu que a solução para os problemas comerciais seja encontrada pelos próprios empresários, para que sejam competitivos mundialmente, não apenas dentro de um bloco.
"Se não pudermos enfrentar o nosso próprio mercado, como vamos enfrentar o mercado lá fora? Esta é uma lição que aprendemos com a substituição de importações, quando os consumidores não puderam mais suportar empresas subsidiadas", afirmou.
Amorim disse que não haverá retaliações contra a Argentina.
O ministro disse que a Colômbia, a Venezuela e o Equador passarão a integrar o Mercosul como membros associados. Chile, Bolívia e Peru já possuem esse status. Além de assinarem acordos de preferência tarifárias, os membros associados aderem à Cláusula Democrática do Mercosul e participam de um fórum político.
De acordo com o embaixador Mário Vilalva, responsável pela promoção comercial do bloco, Japão, Tailândia, China e América Central também já manifestaram desejo de negociar acordos comerciais com o Mercosul.
Em Ouro Preto, o Mercosul vai assinar um acordo de preferência comercial com a Índia e com a Sacu (União Aduaneira do Sudeste Africano), que inclui África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia.

Imposto
O que seria um das medidas mais importantes do encontro deve malograr. Os quatro países-membros do Mercosul estão encontrando dificuldades para assinar um acordo que elimine a cobrança dupla de tarifas de importação entre os países.
O Paraguai, cuja receita doméstica depende em 20% da arrecadação do Imposto de Importação, resiste ao mecanismo proposto pelos demais sócios.


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