São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003 |
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TRANSIÇÃO Novo presidente da CEF promete dar prioridade a habitação e saneamento Mattoso assume Caixa com críticas às políticas de FHC
GUSTAVO PATÚ DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O discurso petista tradicional apareceu pela primeira vez na equipe do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) durante a cerimônia de posse do novo presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso -o único, entre seus principais auxiliares, não escolhido diretamente pelo ministro. Mattoso -ex-secretário de Relações Internacionais da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que o indicou ao cargo- assumiu com críticas veementes às políticas econômica e social de Fernando Henrique Cardoso e um aceno às demandas de prefeitos, governadores e outros ministros do governo por recursos. "Vamos valorizar as demandas da sociedade e dos governos locais e nacional, articulando com os ministérios e secretarias da área social, sobretudo o Ministério das Cidades", disse, prometendo, em sua gestão, dar prioridade a habitação, saneamento, educação, saúde, desenvolvimento urbano e apoio aos municípios. Trata-se de uma agenda muito mais próxima, de fato, à pasta das Cidades, criada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva e entregue ao ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, presente à cerimônia. Nos anos FHC, a administração da Caixa Econômica Federal priorizou a recuperação contábil da instituição, com injeção de recursos do Tesouro e restrições a empreendimentos sociais de retorno financeiro duvidoso -aí incluídos os empréstimos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para habitação e saneamento. Ao governo passado, Mattoso reservou a avaliação de que o país viveu "um longo menosprezo na constituição de um projeto nacional" e uma política que resultou em "maior vulnerabilidade externa, crescimento econômico medíocre, desemprego e pobreza elevados e crescentes". Palocci ameniza Palocci, a quem coube o discurso final, fez o papel de conciliar as declarações de Mattoso e a linha com que conduz a Fazenda, mantendo as principais diretrizes da gestão anterior -controle rígido de gastos e aperto monetário para conter a inflação. Rejeitou duas estratégias extremas já adotadas na história da CEF: a concessão de incentivos e subsídios sem atenção ao equilíbrio financeiro e o abandono do papel social do banco. "Queremos, pelo menos, não repetir os erros do passado", afirmou ele. Listando o que considera desafios do país, Palocci enumerou equilibrar as contas públicas, "equacionar com coragem os programas sociais" e avançar nas reformas estruturais como a da Previdência. Há apenas dez dias, Palocci cumpriu um papel inverso ao encerrar a cerimônia de posse do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, repleta de elogios ao antecessor, Armínio Fraga. Naquela ocasião, o ministro interveio para dizer que o governo Lula tem "visões diferentes de mundo, projetos diferentes de país". Banco do Brasil O nome do novo presidente do Banco do Brasil deve ser definido nos próximos dias. O ministro Palocci examinou várias sugestões, mas não havia chegado a uma decisão até ontem. Texto Anterior: Luís Nassif: A mudança na geopolítica mundial Próximo Texto: Internet: Anatel é contra repasse de receita das teles aos provedores gratuitos Índice |
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