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Fluxo de capitais privados para o país deve dobrar
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
As linhas de crédito comercial
não voltam tão cedo para o Brasil.
No entanto, o fluxo líquido de capitais privados para o país deverá
dobrar, dos US$ 7 bilhões em
2002 para quase US$ 14 bilhões
neste ano. Essa é a avaliação do
IIF (Institute of International Finance), entidade que representa
os maiores conglomerados financeiros do mundo e que estima, periodicamente, os investimentos
privados para países emergentes.
Fluxo líquido de capitais privados é a diferença entre a entrada e
saída de todos os tipos de investimentos (empréstimos, Bolsas, títulos e aquisições) num determinado país.
Segundo o IIF, o aumento de
US$ 6,5 bilhões a US$ 7 bilhões no
fluxo de capitais privados para o
Brasil será "majoritariamente" dirigido a títulos do governo e a papéis de empresas brasileiras. Em
suma: os bancos estrangeiros vão
manter a secura de empréstimos
para as empresas brasileiras exportarem, mas os investidores terão mais interesse em papéis públicos e privados.
Já os investimentos diretos estrangeiros no Brasil (para a instalação de fábricas ou aquisição de
empresas) deverão cair de US$
15,5 bilhões para US$ 13 bilhões.
Ao divulgar ontem o relatório
sobre o fluxo de capitais para países emergentes, o diretor-geral do
IIF, Charles Dallara, elogiou os
primeiros dias do governo, que
considerou "impressionantes".
No entanto, avaliou que o ambiente externo e o estágio inicial
do governo brasileiro ainda não
permitem a retomada de empréstimos bancários para que as empresas brasileiras possam exportar. "As palavras têm sido encorajadoras, mas o verdadeiro teste
para Lula ainda não chegou", disse Yusuke Horiguchi, economista-chefe do IIF.
"Se o governo demonstrar que é
capaz de realizar o que planeja, é
razoável esperar uma renovação
das linhas de créditos dos bancos.
Há perspectivas nesse sentido,
mas é difícil definir isso num primeiro momento. Ainda leva um
certo tempo", completou Dallara.
O IIF considera que o Brasil está
no grupo de países que terá resultado positivo em 2003. O aumento no fluxo líquido de capitais para o Brasil representa 25% do
crescimento total no fluxo para
todos os emergentes do mundo.
A China deverá ser novamente
o país mais beneficiado. Pelo segundo ano consecutivo, o país deverá atrair 85% dos investimentos
diretos para emergentes.
O IIF entende que o resultado
global para os emergentes continua "muito ruim", apesar de estimar uma pequena melhora. Depois de registrar no ano passado o
pior resultado em uma década, o
fluxo líquido para os emergentes
deve aumentar de US$ 123 bilhões
para US$ 151 bilhões em 2003. Segundo o IIF, não se trata de uma
mudança substancial na percepção de risco. "A situação continua
extremamente negativa", disse
Dallara. O aumento resultará, segundo ele, da interrupção da fuga
de recursos privados.
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