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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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Fluxo de capitais privados para o país deve dobrar

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

As linhas de crédito comercial não voltam tão cedo para o Brasil. No entanto, o fluxo líquido de capitais privados para o país deverá dobrar, dos US$ 7 bilhões em 2002 para quase US$ 14 bilhões neste ano. Essa é a avaliação do IIF (Institute of International Finance), entidade que representa os maiores conglomerados financeiros do mundo e que estima, periodicamente, os investimentos privados para países emergentes.
Fluxo líquido de capitais privados é a diferença entre a entrada e saída de todos os tipos de investimentos (empréstimos, Bolsas, títulos e aquisições) num determinado país.
Segundo o IIF, o aumento de US$ 6,5 bilhões a US$ 7 bilhões no fluxo de capitais privados para o Brasil será "majoritariamente" dirigido a títulos do governo e a papéis de empresas brasileiras. Em suma: os bancos estrangeiros vão manter a secura de empréstimos para as empresas brasileiras exportarem, mas os investidores terão mais interesse em papéis públicos e privados.
Já os investimentos diretos estrangeiros no Brasil (para a instalação de fábricas ou aquisição de empresas) deverão cair de US$ 15,5 bilhões para US$ 13 bilhões.
Ao divulgar ontem o relatório sobre o fluxo de capitais para países emergentes, o diretor-geral do IIF, Charles Dallara, elogiou os primeiros dias do governo, que considerou "impressionantes".
No entanto, avaliou que o ambiente externo e o estágio inicial do governo brasileiro ainda não permitem a retomada de empréstimos bancários para que as empresas brasileiras possam exportar. "As palavras têm sido encorajadoras, mas o verdadeiro teste para Lula ainda não chegou", disse Yusuke Horiguchi, economista-chefe do IIF.
"Se o governo demonstrar que é capaz de realizar o que planeja, é razoável esperar uma renovação das linhas de créditos dos bancos. Há perspectivas nesse sentido, mas é difícil definir isso num primeiro momento. Ainda leva um certo tempo", completou Dallara.
O IIF considera que o Brasil está no grupo de países que terá resultado positivo em 2003. O aumento no fluxo líquido de capitais para o Brasil representa 25% do crescimento total no fluxo para todos os emergentes do mundo.
A China deverá ser novamente o país mais beneficiado. Pelo segundo ano consecutivo, o país deverá atrair 85% dos investimentos diretos para emergentes.
O IIF entende que o resultado global para os emergentes continua "muito ruim", apesar de estimar uma pequena melhora. Depois de registrar no ano passado o pior resultado em uma década, o fluxo líquido para os emergentes deve aumentar de US$ 123 bilhões para US$ 151 bilhões em 2003. Segundo o IIF, não se trata de uma mudança substancial na percepção de risco. "A situação continua extremamente negativa", disse Dallara. O aumento resultará, segundo ele, da interrupção da fuga de recursos privados.


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