São Paulo, quarta-feira, 17 de março de 2004

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AmBev explica acordo a minoritários

DA REPORTAGEM LOCAL

A AmBev promoveu ontem, na Bovespa, reunião com acionistas minoritários para explicar o acordo com a belga Interbrew. Mas não foram só os pequenos acionistas que se sentiram desconfortáveis com as perdas sofridas nas ações preferenciais da AmBev desde o anúncio do acordo.
Para além da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), que enviou requerimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) solicitando informações sobre a operação, a AmBev teve nos últimos dias que explicar o acordo para o banco de investimentos Morgan Stanley e os fundos estrangeiros The Capital Group, Schroeder e T.Rowe. Ao lado da Previ, todos têm ações preferenciais da AmBev.
Segundo a empresa, a preocupação desses investidores estrangeiros é entender a discrepância entre o movimento das ações preferenciais e os das ordinárias.
Em 14 dias, as ações preferenciais da AmBev recuaram 29%. Isso ocorreu em parte porque os donos de ações preferenciais da AmBev não terão direito ao "tag along", mecanismo que estende aos portadores de ações ordinárias a opção de vendê-las por 80% do valor pago aos ex-controladores. As ordinárias subiram 6%.

Labatt
Desde o anúncio do acordo, um dos pontos levantados por analistas é que teria sido superavaliado o valor a ser pago pela AmBev pelo controle da canadense Labatt (que pertence à Interbrew). O diretor de relações institucionais da AmBev, Felipe Dutra, apresentou a seguinte conta: antes da transação, o valor de mercado da AmBev era de US$ 10,5 bilhões.
Com a incorporação da Labatt, esse valor subiria para US$ 18,8 bilhões. Isso ocorreria porque a Labatt, pela avaliação da AmBev, vale US$ 5,8 bilhões. Mas também deveriam ser incorporados ao novo "valor da AmBev" mais US$ 1,5 bilhão de sinergia operacional (diminuição de custos com compras etc.) e US$ 1 bilhão de ganhos financeiros, que a AmBev teria com a incorporação da canadense, porque os custos de captação diminuiriam. Ocorre que o preço atual do mercado da AmBev (já considerada a Labatt) não supera os US$ 13,4 bilhões. O mercado avalia que o valor da Labatt não deveria supera US$ 3 bilhões.
A Previ também questiona o fato de a AmBev poder ficar sem acesso ao mercado mexicano por meio da cervejaria Femsa. A participação de 30% da Interbrew na Femsa foi incluída no pacote do acordo com a AmBev. No entanto, os outros acionistas da Femsa podem exercer o direito de compra -se o fizerem, a AmBev não teria a participação na mexicana.
Dutra admitiu ontem que a eventual incorporação de participação na Femsa e na Labatt USA (distribuidora) pode não ocorrer. "Mas, se não houver acordo, o acionista da AmBev não terá prejuízo, visto que não desembolsaremos nenhum valor." (JAD)


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