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ANÁLISE
Volta antecipada a Brasília provoca várias versões
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O governo perdeu ontem
uma boa chance de ganhar
espaço dos Waldomiros e dos Burattis, anunciando com calma e
detalhes as negociações e os dois
acordos assinados pelo presidente Lula com Néstor Kirchner.
Lula entrou mudo e saiu calado
de um encontro que teria tudo para ser "vendido" como positivo e
ainda surpreendeu ao decidir
cancelar o almoço entre brasileiros e argentinos e antecipar sua
volta a Brasília. Para piorar, pipocaram versões diferentes para a
volta. Logo o clima de crise interna superava a curiosidade pela
reunião bilateral.
Além de Lula, também o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) não deu entrevista nem fez
nenhuma comunicação aos jornalistas brasileiros, argentinos e
das agências internacionais que se
amontoavam no sofisticado hotel
Copacabana Palace.
Ninguém admitiu, mas certamente Palocci temia perguntas
sobre as últimas revelações sobre
um ex-assessor seu, Rogério Buratti, na Prefeitura de Ribeirão
Preto. Os jornais argentinos têm
publicado na primeira página as
denúncias feitas no Brasil.
Quando a antecipação da volta
de Lula foi anunciada, os jornalistas liam e discutiam as reportagens de ontem sobre ligações mal
explicadas de Waldomiro Diniz e
Rogério Buratti com a renovação
de um contrato da Caixa Econômica Federal já no governo Lula.
Waldomiro é ex-assessor do ministro José Dirceu (Casa Civil) e
Buratti foi demitido por Palocci
em Ribeirão Preto em 1994.
A primeira versão do governo
para a volta de Lula a Brasília foi a
de que ele teria encontro com prefeitos às 17h30. Esse compromisso, porém, estava marcado desde
a semana passada.
A segunda versão dizia que Lula
iria se reunir com Dirceu e Mantega para discutir "a greve da PF
[Polícia Federal]" e que essa reunião poderia ser "ampliada".
Criado o frisson, outro assessor
trocou a versão da greve por uma
nova -reunião com os governadores do Rio Grande do Sul, do
Paraná, de Santa Catarina e de
Mato Grosso do Sul.
Enfim, um assessor do Planalto
simplificou: Lula já tinha jantado
com Kirchner "até a 1h30" e o almoço tornara-se desnecessário.
Após ouvir uma pergunta da Folha sobre a deselegância de o anfitrião deixar o convidado sozinho
no Rio, o assessor irritou-se: "O
presidente vive encurtando a
agenda. Isso não é novidade".
Lula embarcou com Mantega e
Dilma Rousseff (ministra de Minas e Energia). Palocci e o chanceler Celso Amorim foram para São
Paulo e dali para Londres. E
Kirchner? Ficou nas mãos do secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
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