São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

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TURISMO

Pesquisa mostra que 4 de cada 10 viajam no país, mas carro e casa de parentes/amigos ainda são meios mais usados

Brasileiro usa mais avião e hotel em viagem

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Mais brasileiros estão viajando, e melhor. Pesquisa da Fipe (USP) mostra que, entre 2002 e 2006, aumentou a proporção de turistas no país que usam hotéis e pousadas como meio de hospedagem e o avião como meio de transporte.
Mas usar o carro e ficar na casa de parentes ou amigos ainda são os campeões em suas categorias.
O levantamento, feito a pedido do Ministério do Turismo, foi realizada em 30 mil domicílios, abrangendo 100 mil pessoas em todos os Estados do país. Ele deve balizar as políticas públicas do setor, que gerou 560 mil empregos de 2003 a 2005 no país e, no mundo, representa 10% do PIB total.
A pesquisa mostra que 4 de cada 10 brasileiros viajam e que esse deslocamento é feito principalmente a lazer em 87,5% dos casos. Houve crescimento do total de pessoas viajando nas três categorias pesquisadas -doméstica, internacional e rotineira.
Ainda líder no segmento, a hospedagem em casa de amigos e parentes caiu de 59,8% para 54,6%. O uso de pousadas e hotéis subiu de 24% para 28,8% do total de turistas entre 2002 e 2006.
Para especialistas ouvidos pela Folha, esse dado reflete o aumento da oferta de hotéis de categoria intermediária -nem luxo nem albergues. "Houve um aumento de hotéis e pousadas de baixo custo, mas com um serviço razoável para a categoria, tanto nas capitais como nas praias e principais destinos turísticos", disse Marcello Chiavone Pontes, consultor em turismo e professor da Faap.
"Temos um estudo que mostra que os hotéis econômicos tiveram ocupação média de 70% no ano passado em todo o país", afirmou José Ernesto Marino Neto, presidente da consultoria BSH International. Para ele, esse dado reflete o "paladar do cliente brasileiro" por essa categoria de hotéis.

Avião e carro
No ano passado, os desembarques de passageiros de aviões cresceram 18% nos vôos nacionais e 10,5% nos internacionais. O número se coaduna com o dado da pesquisa que mostra que a porcentagem dos que viajam de avião passou de 13% para 15,7% entre 2002 e 2006. O carro era e é o meio de transporte mais usado e subiu de 39% em 2002 para 48,5% neste ano. Já os ônibus de linha caíram de 29,1% para 21,7%.
"Se o turista vai a Fortaleza e leva três dias de ônibus e pode chegar em três horas por 10% a mais, ainda parcelado, é claro que ele prefere a segunda opção", disse Marino, da BSH, comentando a queda do uso de ônibus associada ao aumento nos aviões.
Mas esse é um ponto que já começa a preocupar. "Vimos identificando já há dois anos um estrangulamento na capacidade das aéreas, principalmente na oferta de assentos para trazer estrangeiros ao Brasil", disse Luiz Gustavo Barbosa, coordenador do Núcleo de Estudos Avançados em Turismo e Hotelaria da FGV. Neste ano, porém, há previsão de alta de 27% na oferta de assentos.
Se mostra que há mais pessoas viajando no país, o levantamento também identifica que 52,7% delas vão visitar amigos e parentes. E esse dado é visto com ressalvas por José Zuquim, presidente da Braztoa, associação que reúne as operadoras. "Embora esse tipo de turista seja importante para o mercado, ele não é essencialmente o que usa as operadoras. Hoje, o mercado doméstico de turismo de lazer está em crise, por três fatores: concorrência com os navios na alta temporada, dólar baixo e concentração de mercado", disse.
Por outro lado, Barbosa, da FGV, afirma que o último boletim econômico do turismo mostrava que todos os segmentos pesquisados esperam aumento de faturamento neste semestre.
E pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas a ser divulgada hoje mostra que as 80 maiores empresas do turismo brasileiro cresceram 17,27% em 2005.


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