São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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Citigroup aprova títulos 1 dia antes de rebaixá-los

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando se trata de recomendar operações com títulos brasileiros, o Citigroup, maior conglomerado financeiro do mundo, tem duas orientações.
Um dia antes de a instituição rebaixar os papéis da dívida brasileira, o diretor do Citigroup Global Markets, Márcio Guedes, declarou que a instituição estava "otimista" e que o momento era para "comprar", e não "vender" as aplicações em títulos brasileiros.
A declaração foi dada anteontem ao jornal "O Globo", quando o diretor foi procurado para comentar a decisão do banco americano JP Morgan, que havia reduzido sua recomendação para os papéis brasileiros.
Ontem, entretanto, a diretoria de análises econômicas e de mercados da América Latina rebaixou os títulos da dívida brasileira. O Citigroup baixou a posição do Brasil de "overweight" (acima da média do mercado) para um nível moderado de "underweight" (abaixo da média).
"São áreas diferentes, que atendem objetivos diferentes e têm autonomia para fazer isso. Além disso, não é permitido que haja troca de informação entre as áreas do banco", explicou Carlos Kawall, economista-chefe do Citigroup Brasil.

Normas
De acordo com o economista, regras da SEC (Security and Exchange Comission, a CVM norte-americana) impedem a divulgação de "informações seletivas" e prevêem punição àqueles que não cumprirem essas normas.
"Márcio Guedes atua na área de mercado de capitais do banco, trabalha com os emissores de dívidas [o governo brasileiro, as empresas] e atua de forma independente. Se tivesse repassado a ele a informação de que, provavelmente hoje [ontem], mudaríamos a nossa recomendação sobre os papéis, estaria violando essas normas", afirmou Kawall, que atua na área de pesquisa e recomendações para clientes e investidores de renda fixa.
"Entre as diversas áreas [da instituição financeira] existe uma muralha chinesa", afirmou o economista.


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