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Produtos exportados perdem valor
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio a uma onda de protecionismo desencadeada pelos
EUA e pela Europa e de excesso
de oferta de alguns produtos, o setor exportador amarga neste ano
dura queda na cotações internacionais das commodities.
De acordo com relatório preparado pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), 15 das
17 principais commodities exportadas pelo Brasil apresentam, em
2002, redução nos preços em relação aos de 2001. Além disso, para
dez itens as cotações são as piores
desde 1996.
Os motivos para preocupação
pela queda nos preços de commodities são óbvios: produtos básicos e semimanufaturados respondem por uma parcela entre 35% e
40% das exportações brasileiras.
Na lista de commodities pesquisadas pela AEB, as que registraram preços melhores até março
deste ano em comparação à média do ano passado foram o óleo
de soja (13,08%) e o suco de laranja (25,44%). No caso do óleo, a explicação para a melhora nas cotações é dada pelo aumento na demanda mundial.
Para o suco de laranja, o motivo
é inverso: havia pouca oferta no
mercado, depois que citricultores
brasileiros -o país responde por
50% da produção mundial- deixaram de investir nos laranjais
por conta dos baixos preços registrados nos dois últimos anos.
O enorme grupo dos produtos
com quedas nas cotações é liderado pelo café cru. Entre 1996 e março último, o preço do produto
caiu 65,76% -apenas entre o ano
passado e o primeiro trimestre de
2002 a queda chegou a 21,55%. Se
em 1996 o produto teve cotação
média anual de US$ 2.209 por tonelada, em março deste ano o preço não superava US$ 756.
A carne bovina aparece em segundo lugar entre os itens que
mais sofreram depreciação no
mercado internacional nos últimos oito anos: 52,14%. De US$
4.100 de média em 1996 para US$
1.992 em março último. Do ano
passado até março, a variação negativa foi de 0,65%.
Piores condições encontram os
exportadores de carne de frango:
o preço médio recuou 6,47% entre 2001 e março deste ano. Se
consideradas as cotações a partir
de 1996, o tombo chega a 28,31%.
Principal item de exportação do
Brasil, em termos de volume, o
minério de ferro sofreu redução
de 1,86% neste ano -e de 11,58%
nos últimos oito anos.
Com exceção do alumínio (cuja
produção no ano passado foi afetada pelo racionamento de energia), em todos os 17 produtos listados pela associação o Brasil aumentou o volume de vendas para
o exterior nos últimos anos.
Segundo a Funcex (Fundação
Centro de Estudos do Comércio
Exterior), as cotações dos produtos básicos caíram, em média,
39% desde 1997 até março. A dos
semimanufaturados, 26,5%, e a
dos manufaturados, 24%.
""Há produtos com excesso de
oferta no mercado mundial, como a soja, alguns tipos de aço e o
café", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
""Com essa decisão dos EUA de
aumentar os subsídios (a nova lei
agrícola, a ""farm bill", adiciona
mais US$ 19 bilhões aos subsídios
já existentes), a tendência é que os
preços das commodities caiam
mais ainda", diz José Augusto de
Castro, da AEB.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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