São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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Produtos exportados perdem valor

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio a uma onda de protecionismo desencadeada pelos EUA e pela Europa e de excesso de oferta de alguns produtos, o setor exportador amarga neste ano dura queda na cotações internacionais das commodities.
De acordo com relatório preparado pela AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), 15 das 17 principais commodities exportadas pelo Brasil apresentam, em 2002, redução nos preços em relação aos de 2001. Além disso, para dez itens as cotações são as piores desde 1996.
Os motivos para preocupação pela queda nos preços de commodities são óbvios: produtos básicos e semimanufaturados respondem por uma parcela entre 35% e 40% das exportações brasileiras.
Na lista de commodities pesquisadas pela AEB, as que registraram preços melhores até março deste ano em comparação à média do ano passado foram o óleo de soja (13,08%) e o suco de laranja (25,44%). No caso do óleo, a explicação para a melhora nas cotações é dada pelo aumento na demanda mundial.
Para o suco de laranja, o motivo é inverso: havia pouca oferta no mercado, depois que citricultores brasileiros -o país responde por 50% da produção mundial- deixaram de investir nos laranjais por conta dos baixos preços registrados nos dois últimos anos.
O enorme grupo dos produtos com quedas nas cotações é liderado pelo café cru. Entre 1996 e março último, o preço do produto caiu 65,76% -apenas entre o ano passado e o primeiro trimestre de 2002 a queda chegou a 21,55%. Se em 1996 o produto teve cotação média anual de US$ 2.209 por tonelada, em março deste ano o preço não superava US$ 756.
A carne bovina aparece em segundo lugar entre os itens que mais sofreram depreciação no mercado internacional nos últimos oito anos: 52,14%. De US$ 4.100 de média em 1996 para US$ 1.992 em março último. Do ano passado até março, a variação negativa foi de 0,65%.
Piores condições encontram os exportadores de carne de frango: o preço médio recuou 6,47% entre 2001 e março deste ano. Se consideradas as cotações a partir de 1996, o tombo chega a 28,31%.
Principal item de exportação do Brasil, em termos de volume, o minério de ferro sofreu redução de 1,86% neste ano -e de 11,58% nos últimos oito anos.
Com exceção do alumínio (cuja produção no ano passado foi afetada pelo racionamento de energia), em todos os 17 produtos listados pela associação o Brasil aumentou o volume de vendas para o exterior nos últimos anos.
Segundo a Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), as cotações dos produtos básicos caíram, em média, 39% desde 1997 até março. A dos semimanufaturados, 26,5%, e a dos manufaturados, 24%.
""Há produtos com excesso de oferta no mercado mundial, como a soja, alguns tipos de aço e o café", diz Fernando Ribeiro, economista da Funcex.
""Com essa decisão dos EUA de aumentar os subsídios (a nova lei agrícola, a ""farm bill", adiciona mais US$ 19 bilhões aos subsídios já existentes), a tendência é que os preços das commodities caiam mais ainda", diz José Augusto de Castro, da AEB. (JOSÉ ALAN DIAS)


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