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COMÉRCIO
Inadimplência e queda nas vendas comprometeu margem das companhias; fornecedores pagam parte da conta
Varejo faz promoções, mas perde lucro
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os balanços financeiros das redes varejistas trouxeram a má notícia. Na tentativa de elevar suas
vendas, algumas redes ampliaram
promoções e deram descontos
generosos. O resultado da estratégia: o faturamento até caiu menos
do que o esperado, mas as margens de lucro foram engolidas.
O desempenho do varejo só não
foi pior porque quem também
pagou parte da conta foram os
fornecedores. Para evitar um
tombo maior na rentabilidade, redes varejistas negociaram preços
com os fabricantes para obter
descontos logo no início do ano.
Agora, a proeza já foi contabilizada nas contas das lojas e dos fabricantes. A margem (bruta) do
Ponto Frio, uma das maiores cadeias varejistas do país, ficou em
17,5% no acumulado do primeiro
trimestre. No mesmo período do
ano passado, a taxa estava em
18,8%. A margem líquida -livre
de impostos e depreciações-
caiu de 2,5% para 1,8%, segundo
levantamento da Economática.
A margem de uma empresa corresponde à porcentagem de lucro
obtida em relação ao faturamento. Se a margem cai, então a empresa deve ter faturado menos e
lucrado menos. Ou pode até ter
faturado (vendido) mais, mas obteve um lucro menor com a venda
realizada.
"A estratégia adotada pelo comércio, de estimular as vendas
por meio de promoções e descontos evitou maiores quedas no faturamento, contudo teve impacto
nas margens", informa o balanço
publicado pela rede Ponto Frio.
Levantamento da Economática
mostra ainda que a margem líquida da Lojas Riachuelo também teve queda. Passou de 8,1% no começo do ano passado para 6,5%
no último trimestre. A empresa
diz que a rentabilidade foi atingida no ano passado porque o calote cresceu. "Nós tivemos uma retração na margem em 2001, com o
aumento de nossa inadimplência
de 3,5% para 4,5%", afirma Flávio
Rocha, diretor da empresa. "Já
controlamos isso em 2002 e estamos bem", diz.
Quem está perdendo mais rentabilidade são as redes que vendem eletrônicos, de acordo com
analistas do setor. A venda desabou e não há espaço para reajustes. Por outro lado, os supermercados conseguem manter a margem estável desde o ano passado.
Isso porque, para não arcarem
sozinhos com os custos da venda
-em tempos de demanda retraída-, os supermercados pressionaram os fornecedores em busca de descontos. Se a rede amplia o
desconto, ela pode vender mais e
aumentar sua margem de lucro.
O Carrefour, por exemplo, obteve descontos de 20% a 50% na
promoção de abril, após ter negociado com fornecedores cortes de
10% a 30% nos preços dos itens. O
Extra obteve, em média, descontos de 10% no mesmo período. E
os preços caíram até 50% nas lojas. "Em alguns casos, são os fornecedores que estão mantendo o custo do produto em promoção", diz Marcos Gouvêa, um dos principais analistas do setor no país.
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