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MEDICAMENTOS
Laboratórios investem na pesquisa de substâncias que combatem doenças na programação genética
Remédio do futuro chega em dois anos
da Reportagem Local
O remédio do futuro deve chegar
às farmácias dentro de dois anos.
Uma nova geração de medicamentos, baseada em estudos de
genética, está em fase de testes. Alguns deles miram o fim de doenças até hoje incuráveis, como o
mal de Alzheimer e a fibrose cística, que ataca os pulmões.
O avanço consiste no ataque às
doenças em seu núcleo original, a
programação genética do paciente. Cientistas imaginam que podem usar substâncias para limitar
a ação dos genes responsáveis pelas doenças. Isso é possível graças
ao projeto Genoma Humano, que
está fazendo um raio X dos genes.
Os métodos tradicionais também estão melhorando com a tecnologia.Um bom químico testa
200 compostos por semana para
escolher a substância com potencial de virar remédio. Minirrobôs
fazem os testes em um número dez
vezes maior de compostos no
mesmo período. De cada 10 mil
compostos só um vira produto.
Os cientistas até montam combinações de substâncias em computadores e depois tentam reproduzi-las em laboratório para testar
sua eficácia no ataque a doenças.
Alguns laboratórios chegam à sofisticação de usar estações espaciais da Nasa para transformar algumas moléculas em cristais, o
que seria impossível na Terra.
"Investir em tecnologia é imposição de mercado", diz Paulo Braga, diretor-médico da Glaxo Wellcome, no Brasil. Isso só foi possível porque laboratórios abriram
capital na década de 70 e levantaram dinheiro para pesquisa. Cerca
de 95% dos novos remédios saem
de laboratórios privados e o restante vêm de universidades.
"Esse crescimento tem estimulado o desenvolvimento de produtos", diz Valdair Pinto, diretor-médico da Pfizer.
A Pfizer, por exemplo, deve colocar à venda, nos próximos dois
anos, pelo menos mais quatro
produtos: um antibiótico, um para tratamento da esquizofrenia e
outros dois para as áreas de cardiologia e reumatologia.
Já o laboratório Eli Lilly confia
no lançamento do Evista, um remédio que previne a osteoporose.
É um mercado e tanto. Cerca de
120 milhões de mulheres no mundo sofrem do problema.
No Brasil, também está sendo
testado um antidepressivo ainda
sem nome. O MK-966, da Merck
Sharp & Dome, pretende bater o
Prozac ao limitar a ocorrência de
efeitos colaterais.
O Brasil é uma das prioridades
dessa indústria, por ser o sexto
mercado mundial. Vários laboratórios estão instalando fábricas no
país. Muitos descobriram que podem produzir aqui com custo baixo e exportar.
Exportação em alta
No ano passado, pela primeira
vez em muitos anos, o Brasil começou a ganhar dinheiro com a
exportação de remédios.
Em 97, o país faturou US$ 100
milhões com exportação. De acordo com José Eduardo Bandeira de
Melo, presidente da Abifarma
(Associação Brasileira dos Fabricantes da Indústria Farmacêutica), a previsão é aumentar esse faturamento em até 60% neste ano.
O crescimento também está impulsionando os investimentos em
novas fábricas. Em 97, foram investidos US$ 2,4 bilhões. Mais US$
800 milhões devem ser investidos
até o final de 97.
(RG e CP)
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