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OPINIÃO ECONÔMICA
Uma visão da economia turca
DOGAN ALPAN
A Turquia vem implementando políticas econômicas e comerciais liberais, visando estabelecer uma economia de livre
mercado e se integrar ao sistema econômico mundial.
Nesta última década, ênfase
considerável foi dada à criação
de um clima econômico confiável. Assim, as intervenções do
governo deram lugar, em grande medida, às forças do livre
mercado, e o controle governamental firme sobre o comércio
exterior turco deu lugar a uma
política liberalizada.
Como resultado dessas políticas, entre as quais figura a privatização das estatais, implementada extensivamente desde
1990, a Turquia conquistou
avanços espetaculares, especialmente no volume do comércio
exterior e dos investimentos estrangeiros, juntamente com o
crescimento econômico acelerado, baseado num processo de
industrialização extenso e competitivo.
As exportações turcas subiram para US$ 26 bilhões, com
crescimento médio anual de
12,5%, enquanto o volume de
importações cresceu a índices
maiores, atingindo US$ 48 bilhões em 97.
A composição setorial das exportações turcas, antes fortemente dependentes dos produtos agrícolas, se modificou drasticamente. A participação dos
produtos industrializados subiu
88% em 97.
O crescimento econômico da
Turquia, com a média anual de
5%, foi muito superior ao de
outros países ocidentais pertencentes à OCDE (Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). O alto
índice também deu espaço para
melhoras substanciais nos padrões globais.
A taxa de crescimento do país
atingiu 7,1% em 96, devido
principalmente aos altos índices nos setores industrial e de
serviços. Em 97, essa taxa chegou a 8%.
Enquanto isso, em razão de
sua união alfandegária com a
União Européia, em vigor desde
1º/1/96, a Turquia tomou medidas para atualizar e harmonizar sua legislação com os princípios universalmente aceitos,
segundo as políticas comercial e
de concorrência da UE. Essas
medidas também se harmonizam com os compromissos assumidos pela Turquia perante a
(OMC) Organização Mundial
do Comércio.
O governo turco acredita que
o funcionamento adequado da
união alfandegária representará apenas o primeiro passo para
a integração total da Turquia
com a UE, alvo fundamental de
sua política econômica. Assim,
as decisões a serem tomadas
nos próximos anos estarão de
acordo com a determinação da
Turquia de atingir a integração
total com a UE.
Em conformidade com as expectativas do governo, a população turca prevê que a união
alfandegária propiciará novos
horizontes. Mas também está
claro que ela implica dura concorrência com as principais economias mundiais, após a eliminação das taxas alfandegárias e
a adoção da tarifa comum para
terceiros países.
De fato, as estatísticas mais
recentes demonstram que o impacto da união alfandegária será negativo a curto prazo. A
balança comercial, que sempre
foi favorável à UE, se deteriorou
ainda mais quando a Turquia
eliminou suas tarifas alfandegárias, no processo de complementação da união.
Outro ponto bastante decepcionante para nós é a abordagem indecisa da UE com relação ao apoio financeiro à Turquia. Como é sabido, fomos o
primeiro país a implementar a
união alfandegária com a comunidade, antes de nos tornarmos membros integrais.
A UE já havia assumido o
compromisso de financiar o
apoio à Turquia, visando ajudar o país. Mas a Turquia não
se beneficiou de nenhum dos
programas de ajuda estrutural
da UE. Ademais, os programas
de apoio financeiro não estão
operacionais desde os anos 80;
fatos recentes indicam que eles
dificilmente serão efetivados.
A reabertura ao mundo dos
Bálcãs, da região do mar Negro,
do Cáucaso e da Ásia Central
transformou o termo "Eurásia"
em realidade. Devido a suas
cultura, geografia e história
singulares, a Turquia ocupa o
epicentro desse novo conglomerado político e econômico. Situado na encruzilhada das civilizações, o país está a caminho
de tornar-se eixo comercial e
financeiro da região.
Gostaria também de chamar
a atenção para as nossas zonas
francas. A Turquia oferece um
ambiente seguro para o capital
estrangeiro em suas oito zonas,
nas quais existem 288 companhias estrangeiras operando
ativamente, com volume comercial de US$ 5,5 bilhões em
97. Os investidores têm consciência da importância estratégica da Turquia como porta de
acesso aos mercados circunvizinhos e estão dispostos a beneficiar-se de seu potencial.
O governo turco atribui importância considerável aos investimentos estrangeiros. Para
esse fim, a Turquia introduziu
novas leis em uma série de campos relacionados ao comércio,
como a proteção dos direitos de
propriedade intelectual e industrial, a proteção aos consumidores, normas que regem a
concorrência e os subsídios,
além de ter uma lei extremamente liberal sobre investimentos estrangeiros.
Encorajado por esse quadro, o
fluxo de capital estrangeiro para a Turquia nos últimos anos
aumentou substancialmente, e
o número de firmas estrangeiras que operam no país chegou
a 4.100, com capital estrangeiro
total de aproximadamente US$
22,3 bilhões no final de 97.
Um dos instrumentos mais
eficazes para atrair investimentos estrangeiros diretos é o programa de privatizações, que foi
lançado em 84 e ganhou ímpeto
em dezembro de 94, com a promulgação da nova lei das privatizações. O projeto abarca diversas fábricas e empresas, num
valor total aproximado de US$
40 bilhões, para ser implantado
no decorrer dos próximos cinco
anos.
Hoje, a Turquia mantém um
amplo espectro de relações econômicas e comerciais com as
repúblicas da ex-União Soviética, em especial aquelas da Ásia
Central que ficaram inacessíveis durante décadas. Essas relações abrangem desde as exportações até o fornecimento de
serviços de construção civil e a
cooperação técnica.
Finalmente, é importante ressaltar que a Turquia se prepara
para o século 21 empreendendo
grandes projetos. A riqueza de
seus recursos, a determinação
de sua população, a rapidez e a
magnitude de seu desenvolvimento indicam que o país deve
ocupar um lugar importante no
Hemisfério Ocidental no próximo século.
Dogan Alpan, 58, é embaixador da Turquia
no Brasil.
Tradução de
Clara Allain
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