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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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CRISE NO AR

Presidente da Infraero defende intervenção do governo na Varig para que a união com a concorrente saia

Cai liminar que impedia fusão Varig/TAM

PEDRO SOARES
MURILO FIUZA DE MELO
CHICO SANTOS

DA SUCURSAL DO RIO

O desembargador Nagib Slaibi Filho, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, cassou ontem a liminar que impedia o prosseguimento do processo de fusão da Varig com a TAM. A liminar foi cassada horas depois de o presidente da Infraero, Carlos Wilson, ter defendido intervenção federal na Varig.
Presidente da maior credora da Varig -que deve R$ 400 milhões à Infraero-, Wilson não poupou críticas à FRB (Fundação Ruben Berta) ao dizer que ajuda do governo só será possível se a fundação ficar fora do controle da nova empresa. "Passamos seis meses alimentando um sonho de uma fusão na base do entendimento. Ontem [anteontem], fomos surpreendidos com a FRB dizendo que não há interesse. É má-fé", disse Wilson, que participou de seminário sobre infra-estrutura.
Reempossado por liminar da 2ª Vara Empresarial do Rio, o conselho curador da FRB demitiu três diretores da companhia que apoiavam a união com a TAM.
A cassação da liminar que permitia a volta do conselho, destituído em maio, foi feita com outra liminar. Outro recurso tentando cassar a liminar que impedia a fusão já tramitava.
Como o desembargador que examinava o processo pediu informações adicionais, o que tornou mais demorado o julgamento do recurso, os interessados na fusão entraram com novo pedido de cassação da liminar. Foi este o pedido que o desembargador Slaibi Filho atendeu.
No despacho, ele disse ser "evidente a urgência" de uma decisão porque "a demora na decisão judicial (...) obsta até mesmo as tratativas e demais providências de interesse das pessoas jurídicas [envolvidas], principais responsáveis por seus destinos".

Mordomias
Antes da decisão judicial, o presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) criticara os dirigentes da FRB que haviam reassumido seus postos graças à primeira liminar. "É uma forma de chantagear o governo, de sensibilizar para continuar [a controlar a empresa]. O governo não vai mais sustentar mordomia da Fundação Ruben Berta", disse Wilson, para quem a fundação "não tem competência" para administrar empresa do porte da Varig.
Enquanto durar a intervenção, a empresa seria administrada por credores, saneada e vendida, segundo o presidente da estatal. Durante o processo, ele admitiu que a Varig seria "estatizada".
A FRB informou que não comentaria as declarações de Wilson, mas que tentará marcar encontro com ele.
O presidente da Infraero disse crer que a FRB está pressionando o governo para obter ajuda e continuar no controle da companhia. "Acham que podem esticar a corda, pensando que o governo vai, a todo momento, dar um crédito especial. Não vai acontecer isso."
Apesar de afirmar que a idéia de intervenção é pessoal -não uma decisão de governo-, Wilson anunciou que levará hoje a proposta ao ministro José Viegas Filho (Defesa), que negocia a fusão. "Não existe plano [B], não. Esse plano foi meu. Fui eu que falei."
Ele defendeu a criação de uma "companhia área nacional forte" a partir da associação da Varig com a TAM.
Para Wilson, não é viável abrir rotas domésticas às companhias estrangeiras: "A Infraero tem 65 aeroportos, mas só 7 são superavitários. Uma empresa internacional não vai ter nenhum interesse em fazer linhas para Macapá ou para Rio Branco. O Brasil precisa de uma empresa aérea forte por ser um país de uma extensão territorial muito grande".


Colaborou Ana Paula Grabois, da Folha Online, no Rio


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