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CRISE NO AR
Presidente da Infraero defende intervenção do governo na Varig para que a união com a concorrente saia
Cai liminar que impedia fusão Varig/TAM
PEDRO SOARES
MURILO FIUZA DE MELO
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O desembargador Nagib Slaibi
Filho, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, cassou
ontem a liminar que impedia o
prosseguimento do processo de
fusão da Varig com a TAM. A liminar foi cassada horas depois de
o presidente da Infraero, Carlos
Wilson, ter defendido intervenção federal na Varig.
Presidente da maior credora da
Varig -que deve R$ 400 milhões
à Infraero-, Wilson não poupou
críticas à FRB (Fundação Ruben
Berta) ao dizer que ajuda do governo só será possível se a fundação ficar fora do controle da nova
empresa. "Passamos seis meses
alimentando um sonho de uma
fusão na base do entendimento.
Ontem [anteontem], fomos surpreendidos com a FRB dizendo
que não há interesse. É má-fé",
disse Wilson, que participou de
seminário sobre infra-estrutura.
Reempossado por liminar da 2ª
Vara Empresarial do Rio, o conselho curador da FRB demitiu três
diretores da companhia que
apoiavam a união com a TAM.
A cassação da liminar que permitia a volta do conselho, destituído em maio, foi feita com outra
liminar. Outro recurso tentando
cassar a liminar que impedia a fusão já tramitava.
Como o desembargador que
examinava o processo pediu informações adicionais, o que tornou mais demorado o julgamento
do recurso, os interessados na fusão entraram com novo pedido
de cassação da liminar. Foi este o
pedido que o desembargador
Slaibi Filho atendeu.
No despacho, ele disse ser "evidente a urgência" de uma decisão
porque "a demora na decisão judicial (...) obsta até mesmo as tratativas e demais providências de
interesse das pessoas jurídicas
[envolvidas], principais responsáveis por seus destinos".
Mordomias
Antes da decisão judicial, o presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) criticara os dirigentes
da FRB que haviam reassumido
seus postos graças à primeira liminar. "É uma forma de chantagear o governo, de sensibilizar para continuar [a controlar a empresa]. O governo não vai mais
sustentar mordomia da Fundação Ruben Berta", disse Wilson,
para quem a fundação "não tem
competência" para administrar
empresa do porte da Varig.
Enquanto durar a intervenção, a
empresa seria administrada por
credores, saneada e vendida, segundo o presidente da estatal. Durante o processo, ele admitiu que
a Varig seria "estatizada".
A FRB informou que não comentaria as declarações de Wilson, mas que tentará marcar encontro com ele.
O presidente da Infraero disse
crer que a FRB está pressionando
o governo para obter ajuda e continuar no controle da companhia.
"Acham que podem esticar a corda, pensando que o governo vai, a
todo momento, dar um crédito
especial. Não vai acontecer isso."
Apesar de afirmar que a idéia de
intervenção é pessoal -não uma
decisão de governo-, Wilson
anunciou que levará hoje a proposta ao ministro José Viegas Filho (Defesa), que negocia a fusão.
"Não existe plano [B], não. Esse
plano foi meu. Fui eu que falei."
Ele defendeu a criação de uma
"companhia área nacional forte"
a partir da associação da Varig
com a TAM.
Para Wilson, não é viável abrir
rotas domésticas às companhias
estrangeiras: "A Infraero tem 65
aeroportos, mas só 7 são superavitários. Uma empresa internacional não vai ter nenhum interesse em fazer linhas para Macapá
ou para Rio Branco. O Brasil precisa de uma empresa aérea forte
por ser um país de uma extensão
territorial muito grande".
Colaborou Ana Paula Grabois,
da Folha Online, no Rio
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