São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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CRIAÇÃO & CONSUMO
Marketing esportivo e patrocínios

EDSON GIUSTI JR.
 Em razão de nosso patrocínio ao time do Rio Branco, de Americana, no último Campeonato Paulista, a Lowe Loducca recebeu dezenas de propostas de clubes e atletas. Abro espaço hoje para Edson Giusti Jr., nosso gerente de comunicação. Ele foi um dos responsáveis pelo projeto Rio Branco e também por receber propostas de patrocínio. Seu artigo pode ajudar em muito aqueles que lutam pelo esporte amador e profissional do país.
Abraços, Celso Loducca

Todo mundo sabe, e nós também, que há no Brasil uma grande carência de patrocínio para equipes e atletas do esporte. Mas o mais triste foi conferir a falta de formação/informação dos "vendedores" de patrocínio. Recebi nestes últimos meses uma infinidade de propostas de todos os tipos de esporte, nas mais diversas categorias.
A idéia de escrever este artigo não é simplesmente apontar tais erros, mas apenas transmitir o ponto de vista de quem recebe uma proposta de patrocínio. Assim esperamos contribuir para a profissionalização do marketing esportivo no Brasil.
O despreparo começa na apresentação dos projetos. O amadorismo de quem representa clubes e atletas não está apenas na formatação. Está na comunicação. Os planos não trazem informações completas sobre a estrutura das instituições, torneios que vão ser disputados (tabela de jogos), locais e horários (sabemos que em muitos casos isso é impossível) e o mais importante: a relação custo-benefício.
Em pouquíssimos projetos se apresentavam os motivos para justificar a vantagem de patrocinar determinado clube. Na maioria das vezes, ouvimos apenas isto do representante: "É muito barato. O que é esse dinheiro para uma empresa multinacional?".
Para companhias que faturam US$ 300 milhões, US$ 400 milhões/ano, quantias de US$ 200 mil/ano parecem irrisórias. Porém quantos projetos de US$ 200 mil/ano devem chegar todos os dias a essas empresas? Centenas, tenho certeza. Vence aquele que provar por que vale a pena investir esse dinheiro. Ou seja, vence aquele que dá mais garantias de retorno do capital investido. Parece simples, mas a maioria ignora esse pequeno "detalhe".
Outro ponto importante: a adequação da relação patrocinado/patrocinador. Vou explicar. O representante de uma equipe de equitação procurava o patrocínio de algum cliente da Lowe Loducca. "Qualquer cliente", dizia ele. "O que vier é lucro." Outro erro: não havia especificado no projeto que tipo de público assistia a essas provas ou torneios, se havia cobertura de veículos de comunicação (TV aberta, cabo, jornal, revista...). Objetivo: queríamos saber quem era esse espectador que assiste à equitação ou participa do esporte. O famoso público-alvo, certo? Ele respondeu (arriscou): "Classe AA. Mas tem muita gente de classe BC também".
No meio de tantos desacertos, muitos bons planos chegaram às nossas mãos. Por exemplo, o da Ponte Preta, de Campinas. Um plano muito bem escrito, com todas as informações referentes à participação do time no próximo Campeonato Brasileiro, tabelas de jogos, perfil dos jogadores, do técnico e da comissão, além de um histórico da nova administração, as últimas reformulações no departamento de futebol, como o bom trabalho desenvolvido nas categorias juvenil e de juniores. Muitos jogadores da atual Ponte Preta tiveram passagens pelas seleções brasileiras dessas categorias.
Outro ponto positivo para os representantes da Ponte Preta: o plano apresentava uma relação das principais empresas instaladas em Campinas, possíveis "clientes" pelos quais nós da Lowe Loducca ou nossos clientes poderíamos nos interessar. Outro detalhe: junto com o projeto recebemos a camisa da "macaca". Pode parecer bobagem, mas, para quem gosta de futebol (e esse é o meu caso), isso faz uma enorme diferença. Profissionalismo e simpatia, boas ferramentas para conseguir uma hora na agenda de gerentes e diretores de marketing.
Fechamos com a Ponte? Não, porque estamos muito satisfeitos com o Rio Branco, de Americana (eles têm um excelente projeto... revelamos os atacantes Sandro Hiroshi e Marcos Pena!!!). Porém ficou a ótima impressão e já cuidamos de encaminhar o projeto Ponte Preta para alguns de nossos clientes.
Para os outros projetos... bem... fica aí a lição de casa. E olha que não é das mais difíceis.


Edson Giusti Jr., 34, é gerente de comunicação da Lowe Loducca.


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