São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997.



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PÓS-PRIVATIZAÇÃO
Reestruturação iniciada após governo vender usinas prossegue e vagas continuam sendo fechadas
Siderúrgicas demitem 35 mil em oito anos

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O processo de reestruturação da siderurgia brasileira, iniciado com a decisão do governo de privatizar o setor, representou o fechamento de pelo menos 34.956 postos de trabalho desde 1989 em oito das principais usinas do país, responsáveis por mais de 90% da produção de aço brasileira.
A redução de pessoal foi de aproximadamente 45% em relação aos cerca de 77,5 mil empregados que as mesmas usinas tinham entre 89 e o início dos anos 90.
A privatização do setor foi concluída em setembro de 93. O enxugamento, especialmente nas seis maiores siderúrgicas do país -Usiminas, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Cosipa, Acesita, Açominas e CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão)- ainda prossegue.
Este ano a CSN já fechou 1.602 postos de trabalho só na área operacional. A Usiminas fechou 319 no geral. Os dados são das próprias empresas. "A redução de mão-de-obra no setor é uma tendência mundial", disse Paulo Renato Marques, assessor de Relações com o Mercado da CSN.
O caso da CSN é o mais dramático. O número de empregados na área operacional da empresa caiu de 22.134 em 89 para 9.491 em junho deste ano, uma redução de 12.643 vagas.
No total, a empresa fechou o primeiro semestre deste ano com 12.114 empregados. Em 1988, ela tinha cerca de 25 mil. De 89 até junho deste ano a produtividade média operacional da siderúrgica cresceu de 163 toneladas homem/ano para 510 toneladas.
A CSN foi privatizada em abril de 1993. Na época, ela tinha 15.082 empregados na área operacional. Paulo Renato Marques disse que as demissões são apenas parte do processo de reestruturação da empresa. Elas se combinam com a modernização de equipamentos e de métodos de trabalho.
A Usiminas, primeira das grandes siderúrgicas brasileiras a ser privatizada (outubro de 91), tinha 13.413 empregados em 1990, quando o governo decidiu vendê-la, e 12.480 no ano da privatização.
A redução foi contínua, ano a ano, chegando a 8.890 empregados em junho deste ano. De 91 a 96, a rentabilidade da Usiminas sobre o patrimônio passou de 4,8% para 9,4%.
Também foi contínua a redução de pessoal na Acesita, privatizada em 92. O total de empregados da siderúrgica, especializada na produção de aços especiais, era de 7.375 no ano da privatização. No final de 96, ele estava em 4.216.
No mesmo período, o patrimônio líquido da siderúrgica mineira cresceu de R$ 656 milhões para R$ 1,28 bilhão, praticamente o dobro.
A Cosipa, vendida em agosto de 93, tinha 13.077 empregados em 1992 e fechou o primeiro semestre deste ano com 8.360.
Do final do ano passado até junho deste ano a Cosipa registrou um aumento de 188 pessoas no seu efetivo próprio, mas isso não significa uma tendência.
A CST saiu de um efetivo próprio de 5.863 em 1991 para 3.562 em março deste ano, uma redução de 2.210 pessoas. A produtividade cresceu de 526 toneladas de aço por homem/ano para 840 toneladas no mesmo período.
A Açominas, última empresa do setor a ser privatizada, oferecia cerca de 8.000 empregos diretos em 1990. Hoje, segundo sua assessoria de imprensa, o número foi reduzido a 3.000. A produtividade cresceu de 178 toneladas por homem/ano em 90 para 750 toneladas este ano.




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