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PÓS-PRIVATIZAÇÃO
Reestruturação iniciada após governo vender usinas prossegue e vagas continuam sendo fechadas
Siderúrgicas demitem 35 mil em oito anos
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O processo de reestruturação da
siderurgia brasileira, iniciado com
a decisão do governo de privatizar
o setor, representou o fechamento
de pelo menos 34.956 postos de
trabalho desde 1989 em oito das
principais usinas do país, responsáveis por mais de 90% da produção de aço brasileira.
A redução de pessoal foi de aproximadamente 45% em relação aos
cerca de 77,5 mil empregados que
as mesmas usinas tinham entre 89
e o início dos anos 90.
A privatização do setor foi concluída em setembro de 93. O enxugamento, especialmente nas seis
maiores siderúrgicas do país
-Usiminas, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Cosipa, Acesita, Açominas e CST (Companhia
Siderúrgica de Tubarão)- ainda
prossegue.
Este ano a CSN já fechou 1.602
postos de trabalho só na área operacional. A Usiminas fechou 319
no geral. Os dados são das próprias empresas. "A redução de
mão-de-obra no setor é uma tendência mundial", disse Paulo Renato Marques, assessor de Relações com o Mercado da CSN.
O caso da CSN é o mais dramático. O número de empregados na
área operacional da empresa caiu
de 22.134 em 89 para 9.491 em junho deste ano, uma redução de
12.643 vagas.
No total, a empresa fechou o primeiro semestre deste ano com
12.114 empregados. Em 1988, ela
tinha cerca de 25 mil. De 89 até junho deste ano a produtividade média operacional da siderúrgica
cresceu de 163 toneladas homem/ano para 510 toneladas.
A CSN foi privatizada em abril de
1993. Na época, ela tinha 15.082
empregados na área operacional.
Paulo Renato Marques disse que
as demissões são apenas parte do
processo de reestruturação da empresa. Elas se combinam com a
modernização de equipamentos e
de métodos de trabalho.
A Usiminas, primeira das grandes siderúrgicas brasileiras a ser
privatizada (outubro de 91), tinha
13.413 empregados em 1990, quando o governo decidiu vendê-la, e
12.480 no ano da privatização.
A redução foi contínua, ano a
ano, chegando a 8.890 empregados em junho deste ano. De 91 a 96,
a rentabilidade da Usiminas sobre
o patrimônio passou de 4,8% para
9,4%.
Também foi contínua a redução
de pessoal na Acesita, privatizada
em 92. O total de empregados da
siderúrgica, especializada na produção de aços especiais, era de
7.375 no ano da privatização. No
final de 96, ele estava em 4.216.
No mesmo período, o patrimônio líquido da siderúrgica mineira
cresceu de R$ 656 milhões para R$
1,28 bilhão, praticamente o dobro.
A Cosipa, vendida em agosto de
93, tinha 13.077 empregados em
1992 e fechou o primeiro semestre
deste ano com 8.360.
Do final do ano passado até junho deste ano a Cosipa registrou
um aumento de 188 pessoas no seu
efetivo próprio, mas isso não significa uma tendência.
A CST saiu de um efetivo próprio
de 5.863 em 1991 para 3.562 em
março deste ano, uma redução de
2.210 pessoas. A produtividade
cresceu de 526 toneladas de aço
por homem/ano para 840 toneladas no mesmo período.
A Açominas, última empresa do
setor a ser privatizada, oferecia
cerca de 8.000 empregos diretos
em 1990. Hoje, segundo sua assessoria de imprensa, o número foi
reduzido a 3.000. A produtividade
cresceu de 178 toneladas por homem/ano em 90 para 750 toneladas este ano.
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