|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Corte menor no juro preocupa empresários
MAELI PRADO
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois de
iniciada a crise no mercado financeiro, empresários dizem que sua principal preocupação com a
turbulência é com o recrudescimento no corte dos
juros feito pelo Copom
(Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Nas últimas reuniões, o
Copom vinha cortando as
taxas básicas de juros (Selic) em meio ponto percentual. Agora, a estimativa é que a redução seja de
0,25 ponto. É que, com a
moeda americana valorizada pela "fuga" de dólares
do Brasil, há risco de aumento da inflação. Isso daria margem para o BC
manter (ou reduzir menos) a Selic, o que voltaria
a travar o crescimento
econômico.
"Assusta", afirma Roberto Gianetti da Fonseca,
diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), referindo-se à próxima reunião da autoridade monetária, que acontece dias 4 e
5 de setembro. "A posição
pode ser de redução menor dos juros, mas não podemos mudar a política
econômica por causa de
uma crise que não tem a
ver com a realidade brasileira, que é de crescimento
sustentado."
Gianetti não é o único a
preocupar-se com o Copom. "A decisão tem de ser
cuidadosa porque os sinais
são de continuidade do
crescimento", diz Edgard
Pereira, economista-chefe
do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "A melhor opção seria o BC não
contrair a atividade econômica, mas sim dar prosseguimento à recuperação
do mercado interno."
De acordo com ele, o
momento é de "pausa para
observação". "As decisões
de investimento e de abertura de capital, por exemplo, devem ficar em suspenso, até porque em um
mercado volátil é difícil saber o preço justo dos ativos", afirma.
Fora as preocupações
com abertura de capital e
da menor queda na Selic,
empresários acreditam
que a oscilação das Bolsas
afetou, por enquanto, apenas o mercado financeiro
-e não a economia real.
"O impacto para nós, do
varejo e da indústria têxtil,
até agora foi nenhum",
afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo. "Temos um programa arrojado de expansão e estamos
mantendo-o. O problema
é apenas do investidor de
curto prazo, porque os
fundamentos da economia não se alteraram."
Lelio Ramos, diretor comercial da Fiat, diz que o
país está menos vulnerável, e a expectativa é que a
economia real não seja
afetada. Por enquanto, a
montadora manteve os
planos de expansão e investimentos.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI
(Confederação Nacional
da Indústria), diz ter a
confiança de que a economia brasileira irá resistir à
crise. "Porém os empresários não subestimam os
desdobramentos que podem advir da situação", diz
ele.
Texto Anterior: Analistas recomendam evitar pânico Próximo Texto: Na Argentina, dólar atinge a maior cotação da era Kirchner Índice
|