São Paulo, sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corte menor no juro preocupa empresários

MAELI PRADO
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana depois de iniciada a crise no mercado financeiro, empresários dizem que sua principal preocupação com a turbulência é com o recrudescimento no corte dos juros feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Nas últimas reuniões, o Copom vinha cortando as taxas básicas de juros (Selic) em meio ponto percentual. Agora, a estimativa é que a redução seja de 0,25 ponto. É que, com a moeda americana valorizada pela "fuga" de dólares do Brasil, há risco de aumento da inflação. Isso daria margem para o BC manter (ou reduzir menos) a Selic, o que voltaria a travar o crescimento econômico.
"Assusta", afirma Roberto Gianetti da Fonseca, diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), referindo-se à próxima reunião da autoridade monetária, que acontece dias 4 e 5 de setembro. "A posição pode ser de redução menor dos juros, mas não podemos mudar a política econômica por causa de uma crise que não tem a ver com a realidade brasileira, que é de crescimento sustentado."
Gianetti não é o único a preocupar-se com o Copom. "A decisão tem de ser cuidadosa porque os sinais são de continuidade do crescimento", diz Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). "A melhor opção seria o BC não contrair a atividade econômica, mas sim dar prosseguimento à recuperação do mercado interno."
De acordo com ele, o momento é de "pausa para observação". "As decisões de investimento e de abertura de capital, por exemplo, devem ficar em suspenso, até porque em um mercado volátil é difícil saber o preço justo dos ativos", afirma.
Fora as preocupações com abertura de capital e da menor queda na Selic, empresários acreditam que a oscilação das Bolsas afetou, por enquanto, apenas o mercado financeiro -e não a economia real. "O impacto para nós, do varejo e da indústria têxtil, até agora foi nenhum", afirma Flávio Rocha, presidente da Riachuelo. "Temos um programa arrojado de expansão e estamos mantendo-o. O problema é apenas do investidor de curto prazo, porque os fundamentos da economia não se alteraram."
Lelio Ramos, diretor comercial da Fiat, diz que o país está menos vulnerável, e a expectativa é que a economia real não seja afetada. Por enquanto, a montadora manteve os planos de expansão e investimentos.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diz ter a confiança de que a economia brasileira irá resistir à crise. "Porém os empresários não subestimam os desdobramentos que podem advir da situação", diz ele.


Texto Anterior: Analistas recomendam evitar pânico
Próximo Texto: Na Argentina, dólar atinge a maior cotação da era Kirchner
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.