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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Financiamento soma R$ 24,2 bi em setembro, o maior desde julho de 2002; para empresas, o valor é de R$ 39,8 bi

Crescem empréstimos às pessoas físicas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os empréstimos concedidos em setembro pelas instituições financeiras às pessoas físicas somaram R$ 24,2 bilhões, o maior número desde julho de 2002, segundo levantamento do Banco Central.
Esse valor é 7,8% maior que o registrado em agosto e 4,1% maior que o verificado em setembro do ano passado. Na avaliação de economistas e comerciantes, o aumento resulta principalmente da queda das taxas de juros.
A redução do custo do dinheiro e também o aumento dos prazos de pagamento levaram os consumidores a buscar crédito sobretudo para adquirir bens de consumo duráveis. Desde setembro, concessionárias de carros e lojas de eletrodomésticos constataram nas vendas.
As empresas também recorreram mais ao financiamento. No levantamento do BC, os empréstimos feitos às pessoas jurídicas atingiram R$ 39,8 bilhões em setembro, o maior valor desde janeiro deste ano. Sobre agosto, o aumento é de 10%. Na comparação com setembro de 2002 há, porém, uma leve queda de 0,07%.
Além da redução dos juros, os empréstimos aos consumidores e às empresas subiram porque existe a percepção no mercado de que a economia brasileira vai voltar a crescer, na análise de Adriano Pitoli, economista da consultoria Tendências. "O consumidor tem mais confiança hoje", diz.
A Servloj, empresa que administra o crediário de 600 lojas no país, informa que o financiamento ao consumidor subiu 10% em setembro sobre agosto e 4% sobre setembro de 2002. A redução das taxas de juros de 6,5% para 6% ao mês nos prazos mais longos animou o consumidor, especialmente a partir de agosto, informa Oswaldo de Freitas Queiroz, diretor da empresa.
A Servloj, que financia a compra de material de construção, roupas e eletrodomésticos, informa que já houve recuperação em dois dos itens. "O setor de vestuário ainda não reagiu", diz.
O aumento na procura por financiamento revela, segundo economistas, que as vendas para o Natal serão puxadas pelo crediário, diferentemente do que ocorreu no final do ano passado, quando o consumidor estava com medo de comprar a prazo.
Um sinal disso já foi verificado pela Fecomercio SP. Em setembro, o faturamento real das concessionárias de veículos subiu 17,49% em relação a agosto. A reação em outros setores ainda não foi constatada pela instituição. "Os bens duráveis serão o apelo deste Natal", diz Fábio Pina, economista da federação.
Um crescimento de consumo baseado em crédito, no entanto, tem limite, na visão de Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas. "Não há espaço para tanta expansão do crédito porque as pessoas e as empresas ainda estão muito endividadas", afirma.
A recuperação nas vendas de bens duráveis, como indicam os números do Banco Central, é pontual e passageira. "Não é suficiente para garantir a retomada da economia. O país tem condições de voltar a crescer, mas, como o poder de compra do trabalhador caiu muito -cerca de 15% sobre 2002-, a expansão será lenta. É preciso ter paciência."


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