São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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INDÚSTRIA

Empresa dinamarquesa opta por futura unidade no país, mas terá de esperar por melhoria em estrada para escoar produção

Pólos de exportação esbarram em gargalos

Tuca Vieira/Folha Imagem
Trabalhador da companhia alemã Voith Siemens em São Paulo; infra-estrutura deficitária do país é a maior barreira aos projetos


DA REPORTAGEM LOCAL

A precária infra-estrutura do país -portos estrangulados, estradas em más condições, escassez de armazéns- é apontada pelas empresas como o principal problema para a montagem de uma base exportadora a partir do Brasil. Mesmo assim, muitas continuam pondo suas fichas aqui. Montes Claros, município mineiro de 300 mil habitantes, foi escolhida pela dinamarquesa Novo Nordisk, líder mundial em medicamentos para tratamento do diabetes, para ser plataforma mundial de exportação de insulina. A empresa está investindo US$ 200 milhões, com recursos próprios, na construção de uma nova fábrica, onde produzirá cerca de 48 milhões de frascos do medicamento por ano -e 80% da produção irá para o mercado externo. "Vamos fabricar o equivalente a seis vezes o consumo brasileiro de insulina", diz Sérgio Noschang, vice-presidente para a América Latina da Novo Nordisk. Desde já, entretanto, a direção da empresa torce para que até 2007, quando a fábrica entrará em operação, seja possível transportar os produtos para fora da cidade. A BR-135, que liga Montes Claros a Belo Horizonte, está toda esburacada e dificilmente suportaria o tráfego dos caminhões refrigerados que transportarão a delicada mercadoria até seu ponto de embarque para o exterior. "Nosso projeto é ter um armazém alfandegado no aeroporto de Confins [MG] para embarcar os medicamentos para todo o continente", afirma Noschang. Segundo ele, o governo do Estado se comprometeu a buscar recursos no governo federal para tentar melhorar a estrada. Mesmo assim, o país ganhou a disputa com a China e a Índia para sediar a nova unidade. O que pesou na decisão foi o fato de a empresa já ter uma base de produção sólida no país -que não possui na Ásia-, além da proximidade com mercados emergentes. Além disso, a fábrica de MG, fruto da compra da Biobrás, em 2001, é bastante automatizada. Essa empresa fabricava insulina havia 25 anos e tinha tradição no mercado local. "Herdamos uma mão-de-obra treinada na produção de insulina, o que é raro", diz o executivo. (SANDRA BALBI)


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