|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Montadoras
devem perder
com a abertura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As montadoras são o setor industrial que mais se beneficia da
política de impostos de importação brasileira e, portanto, quem
mais tem a perder com a abertura.
O fabricantes de carros, na década
de 90, receberam proteção contra
os competidores externos pelo
menos duas vezes superior à de
outras indústrias. Se for descontado o ano de 1994, a proteção efetiva das montadoras foi cinco vezes
maior que a média oferecida aos
demais setores na década passada, segundo os pesquisadores do
Ipea Honorio Kume, Guida Piani
e Carlos Frederico Bráz de Souza.
Em 1998, a alíquota efetiva de
importação para carros era de
129,2%. A tarifa média nominal
era de 38,1%, também a maior.
A proteção efetiva mede, além
da tarifa de importação do produto diretamente concorrente, o
custo dos insumos. Quanto maior
for o Imposto de Importação do
produto e menor for a alíquota
dos insumos, maior é a proteção.
No estudo, além de automóveis,
são citados com um alto grau de
proteção os setores têxtil, de borracha, de beneficiamento de produtos vegetais e de vestuário.
O Ministério do Desenvolvimento em um ponto concorda
com o Ministério da Fazenda: é
preciso diminuir a alíquota efetiva dos setores superprotegidos
-a agenda comum acaba por aí.
Existe uma grande diferença no
projeto de cada ministério. O Desenvolvimento quer transferir
parte da proteção dos setores que
gozam de alíquotas de importação alta para as indústrias mais
expostas e consideradas estratégicas para o desenvolvimento do
país. No ministério chefiado por
Alcides Tápias, afirma-se que
35%, alíquota nominal máxima
de Imposto de Importação, é uma
proteção excessiva. Mas que uma
alíquota de 2%, a mínima, não
oferece nenhuma proteção.
Na média, a idéia é rearranjar as
alíquotas para manter o atual nível de abertura da economia brasileira. Os assessores de Tápias dizem que essa reavaliação do sistema tem a virtude de não diminuir
a arrecadação do governo.
A Fazenda não está preocupada
em suavizar a exposição dos setores mais frágeis nem com uma
eventual perda de arrecadação. A
redução da diferença entre as alíquotas de importação máxima e
mínima é um objetivo do governo
dentro da política comercial brasileira. Nessa discussão, segundo
a Fazenda, será levado em conta o
grau de proteção efetiva dos diversos setores da economia.
Texto Anterior: Por ora, liberais ficam frustrados Próximo Texto: Pressão por antecipação da Alca desmonta estratégia brasileira Índice
|