São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2000

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Pressão por antecipação da Alca desmonta estratégia brasileira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ritmo de abertura comercial brasileira será determinado pela agenda de negociações com os EUA para a formação da Alca. Se o acordo sair logo, os impostos de importação cairão mais rápido.
Depois que os EUA mostraram empenho em concluir o quanto antes as negociações do bloco, o Itamaraty viu desmoronar sua estratégia anterior de fortalecer o Mercosul antes de se aventurar num acordo de livre comércio com a maior economia do mundo. Os mais liberais enxergam na Alca uma grande oportunidade para os produtos brasileiros terem, finalmente, acesso ao mais rico mercado do mundo. Em troca desse acesso, o Brasil seria obrigado a abrir mais sua economia -o que, para os liberais, ajudaria a indústria nacional a ficar mais competitiva. Os mais protecionistas acreditam que a indústria nacional quebraria, se tivesse de concorrer com a dos EUA.
No Itamaraty, ainda não existe uma estratégia para substituir a tática mantida até o Chile preterir o Mercosul em favor dos EUA. Até então, os diplomatas contavam com o Chile na formação de um escudo na América do Sul capaz de atenuar desigualdades de poder entre os sócios da Alca.
O presidente Fernando Henrique também iniciou uma negociação de livre comércio com a União Européia para contrapor o poderio dos EUA na Alca.
A estratégia brasileira era contar com o próprio desinteresse dos EUA na Alca para adiar ao máximo o fim das negociações e fortalecer seus laços com os vizinhos.
O atual governo, que está de saída, está empenhado em concluir as conversas antes do prazo previamente fixado, 2005. É preciso saber se o presidente eleito, George W. Bush, terá o mesmo desejo.
Diplomatas brasileiros já dizem que topam fechar o acordo da Alca antes de 2005, se os EUA se mostrarem dispostos a abrir os setores de interesse dos países em desenvolvimento e a restringir barreiras não-tarifárias (como medidas de antidumping) contra os futuros membros da Alca.



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