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RETOMADA?
Para presidente, crescimento em 2004 pode ser maior que o previsto
Lula diz que acabou a "fase tenebrosa" da economia
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva festejou ontem o que considera fim da fase "tenebrosa" da
economia brasileira.
Na entrevista coletiva de encerramento da 25ª Cúpula do Mercosul, o presidente começou repetindo o mantra dele próprio e da
equipe econômica, segundo o
qual "as condições estão dadas
para a volta ao crescimento". Depois emendou: "A fase tenebrosa,
de incertezas, de dúvidas, do medo, terminou".
Lula chegou a prever que "o
crescimento vai ser até maior do
que alguns institutos dizem".
Na platéia, o ministro Antonio
Palocci Filho, da Fazenda, questionado se concordava, deliciou-se: "Se eu já não brigo com os otimistas, menos ainda vou brigar
quando o presidente da República é otimista", ironizou.
Mas o ministro não quis arriscar
número nenhum sobre crescimento que amparasse o palpite
do presidente. Preferiu dizer que
o governo mantém a previsão de
3,5% de crescimento para 2004,
como consta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
A entrevista coletiva foi o único
momento do dia em que Lula tocou em temas internos. O resto do
tempo foi dedicado à celebração
dos avanços no Mercosul, projeto
prioritário da diplomacia brasileira, e do "fato histórico" representado pelo acordo de livre comércio concluído ontem entre o bloco
e três países andinos (Colômbia,
Venezuela e Equador).
Na verdade, o acordo ainda não
chega a ser histórico, na medida
em que foram acertadas as bases
para a liberalização do comércio
entre as partes, mas as listas de
produtos que entrarão no acordo
só serão elaboradas mais tarde.
Lula festejou igualmente o fato
de que a cúpula aprovou um programa de trabalho para o período
2004/06, que a diplomacia brasileira batizou de "Objetivo 2006".
Diz o presidente: "Esse programa prevê um conjunto de ações e
metas ambiciosas: implantar um
Parlamento do Mercosul, ampliar
a dimensão cidadã do bloco, completar a união aduaneira, avançar
nas bases para o mercado comum
e iniciar a nova agenda de integração nos campos da produção e do
desenvolvimento tecnológico".
Cartilha
Lula aproveitou o tema "cidadania" para sugerir que o Mercosul
faça um levantamento de "todos
os avanços já alcançados em matéria de interesse direto e imediato dos cidadãos", de forma a elaborar "uma cartilha do cidadão
do Mercosul".
O presidente sugeriu também
"aperfeiçoar as formas de financiamento do desenvolvimento na
América do Sul". Como? "Isso
exige aproveitarmos as fontes
existentes, nacionais e multilaterais, e criar novos mecanismos capazes de financiar atividade de infra-estrutura e de integração de
cadeias produtivas", respondeu.
Lula repassou quase todos os
pontos discutidos na cúpula e que
aparecem no comunicado conjunto assinado pelos quatro presidentes do Mercosul. Destaques:
* A incorporação do Peru como
Estado associado ao Mercosul,
como hoje o são Chile e Bolívia.
Significa reduzir as tarifas de importação até zerá-las, mas não implica a obrigatoriedade de adotar
uma tarifa externa comum para
produtos de fora do bloco.
* A designação do ex-presidente
argentino Eduardo Duhalde para
presidir a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul,
uma espécie de braço executivo.
* A conclusão da quarta rodada
de negociação para liberalizar a
área de serviços.
* A aprovação do visto Mercosul, que beneficia profissionais
que prestam serviços temporários
nos países do bloco e poderão residir em qualquer um deles no
tempo que durar o contrato.
À tarde, Lula recebeu as chaves
da cidade de Montevidéu. Ali, na
Prefeitura de Montevidéu, bem
longe da charge do João Ferrador
de seus tempos de metalúrgico,
em que a frase símbolo era "hoje
eu não tô bom", repetiu uma e outra vez: "Tô feliz".
(CLÓVIS ROSSI)
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