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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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RETOMADA?

Para presidente, crescimento em 2004 pode ser maior que o previsto

Lula diz que acabou a "fase tenebrosa" da economia

DO ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva festejou ontem o que considera fim da fase "tenebrosa" da economia brasileira.
Na entrevista coletiva de encerramento da 25ª Cúpula do Mercosul, o presidente começou repetindo o mantra dele próprio e da equipe econômica, segundo o qual "as condições estão dadas para a volta ao crescimento". Depois emendou: "A fase tenebrosa, de incertezas, de dúvidas, do medo, terminou".
Lula chegou a prever que "o crescimento vai ser até maior do que alguns institutos dizem".
Na platéia, o ministro Antonio Palocci Filho, da Fazenda, questionado se concordava, deliciou-se: "Se eu já não brigo com os otimistas, menos ainda vou brigar quando o presidente da República é otimista", ironizou.
Mas o ministro não quis arriscar número nenhum sobre crescimento que amparasse o palpite do presidente. Preferiu dizer que o governo mantém a previsão de 3,5% de crescimento para 2004, como consta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
A entrevista coletiva foi o único momento do dia em que Lula tocou em temas internos. O resto do tempo foi dedicado à celebração dos avanços no Mercosul, projeto prioritário da diplomacia brasileira, e do "fato histórico" representado pelo acordo de livre comércio concluído ontem entre o bloco e três países andinos (Colômbia, Venezuela e Equador).
Na verdade, o acordo ainda não chega a ser histórico, na medida em que foram acertadas as bases para a liberalização do comércio entre as partes, mas as listas de produtos que entrarão no acordo só serão elaboradas mais tarde.
Lula festejou igualmente o fato de que a cúpula aprovou um programa de trabalho para o período 2004/06, que a diplomacia brasileira batizou de "Objetivo 2006".
Diz o presidente: "Esse programa prevê um conjunto de ações e metas ambiciosas: implantar um Parlamento do Mercosul, ampliar a dimensão cidadã do bloco, completar a união aduaneira, avançar nas bases para o mercado comum e iniciar a nova agenda de integração nos campos da produção e do desenvolvimento tecnológico".

Cartilha
Lula aproveitou o tema "cidadania" para sugerir que o Mercosul faça um levantamento de "todos os avanços já alcançados em matéria de interesse direto e imediato dos cidadãos", de forma a elaborar "uma cartilha do cidadão do Mercosul".
O presidente sugeriu também "aperfeiçoar as formas de financiamento do desenvolvimento na América do Sul". Como? "Isso exige aproveitarmos as fontes existentes, nacionais e multilaterais, e criar novos mecanismos capazes de financiar atividade de infra-estrutura e de integração de cadeias produtivas", respondeu.
Lula repassou quase todos os pontos discutidos na cúpula e que aparecem no comunicado conjunto assinado pelos quatro presidentes do Mercosul. Destaques:
* A incorporação do Peru como Estado associado ao Mercosul, como hoje o são Chile e Bolívia. Significa reduzir as tarifas de importação até zerá-las, mas não implica a obrigatoriedade de adotar uma tarifa externa comum para produtos de fora do bloco.
* A designação do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde para presidir a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, uma espécie de braço executivo.
* A conclusão da quarta rodada de negociação para liberalizar a área de serviços.
* A aprovação do visto Mercosul, que beneficia profissionais que prestam serviços temporários nos países do bloco e poderão residir em qualquer um deles no tempo que durar o contrato.
À tarde, Lula recebeu as chaves da cidade de Montevidéu. Ali, na Prefeitura de Montevidéu, bem longe da charge do João Ferrador de seus tempos de metalúrgico, em que a frase símbolo era "hoje eu não tô bom", repetiu uma e outra vez: "Tô feliz". (CLÓVIS ROSSI)


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