|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO PRÉ-COPOM
Mercado futuro projeta 16,32% para fim do ano; BC decide hoje o que ocorrerá com taxa básica, de 17,5%
Selic de 16% levaria juro real a um dígito
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Copom decidir reduzir a taxa básica da economia (Selic) em
1,5 ponto percentual na reunião
que acaba hoje, os juros reais ficarão em um dígito, o que não ocorre desde novembro de 2002.
Com a Selic recuando de 17,5%
para 16%, a taxa de juro real da
economia brasileira cairia para
9,56%, segundo cálculo da consultoria Global Invest. O juro real
é calculado com base na Selic descontando-se a expectativa de inflação para 12 meses à frente.
Mesmo que essa taxa menor se
confirme, o Brasil seguirá como
campeão mundial de juros reais.
Atrás do Brasil vem Israel, com
juro real de 7,1%. Dentre os latino-americanos, o primeiro a aparecer atrás do Brasil é o México,
com taxa de 1,8%.
A taxa de juro real (descontada
a inflação) é importante porque
serve de parâmetro para os agentes econômicos tomarem decisões futuras de investimento. Juros menores propiciam um cenário mais favorável ao esperado
crescimento econômico do país.
Já se o Copom (Comitê de Política Monetária) decidir cortar a
Selic em apenas 1 ponto percentual, os juros reais ficariam em
10%. O Copom anuncia no início
da noite de hoje em quanto fica a
taxa básica de juros.
Economistas também utilizam
as taxas praticadas no mercado
para calcular o juro real. Para isso,
levam em consideração a taxa do
contrato DI (que acompanha as
operações interbancárias) com
prazo de um ano e descontam a
inflação prevista para o período.
Por esse método, considerando o
fechamento de ontem, os juros
reais já estariam em 9,26%.
Mesmo em níveis menores, as
taxas reais no Brasil ainda estão
muito acima da média praticada
em 23 países emergentes, que fica
em 2,2%. Comparado a 17 países
desenvolvidos, a distância em relação aos juros reais brasileiros é
ainda mais gritante. Os juros reais
médios desses países está em apenas 0,3%.
"O BC deve decidir por um corte de 1,5 ponto percentual amanhã [hoje]. Em janeiro, a expectativa é que o Copom mantenha os
juros inalterados, para fazer um
balanço do desempenho dos indicadores da economia neste ano",
diz Alexsandro Agostini, economista da Global Invest.
Projeções
No mercado, a movimentação
com contratos DI cresceu, com os
investidores à espera da decisão
do Copom. A taxa do contrato DI
(que segue os juros das operações
entre bancos) de prazo mais curto
recuou de 16,39% para 16,32%.
Esse contrato está em trajetória
de queda há semanas. O movimento foi intensificado de acordo
com que foram saindo, nos últimos dias, dados que mostravam
que a inflação segue sob controle
e a economia ainda não está aquecida como esperavam analistas financeiros.
Com a recuperação econômica
dando sinais de que está apenas
em seu início, o mercado projeta
que os juros podem ser cortados
em até 1,5 ponto percentual, como foi no mês passado, quando a
Selic recuou de 19% para 17,5%.
O economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, prevê corte de 1,5 ponto, "embora devesse ser maior". "Isso significa a manutenção da política
econômica que vem sendo realizada no Brasil nos últimos 14
anos, de altas taxas de juros reais e
que está atrás da semi-estagnação
da economia brasileira em todo
esse período", disse.
Antonio Carlos Pôrto Gonçalves, diretor do IBRE (Instituto
Brasileiro de Economia), da FGV,
disse que há espaço para corte
substancial nos juros, mas que o
BC agirá como todo banco central, com cautela e prudência, pelo
temor de que um corte maior tenha algum efeito inflacionário.
Mas sustentou que o país pode
chegar a meados de 2004 com taxa de juros nominal de 12%. Para
ele, o PIB crescerá 4%, puxado pela demanda interna.
Colaborou José Alan Dias, da
Reportagem Local
Texto Anterior: Retomada?: Lula diz que acabou a "fase tenebrosa" da economia Próximo Texto: Reajuste escolar eleva inflação Índice
|