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VIZINHO EM CRISE
Fundo dá aval ao acordo e aponta falta de consenso político como obstáculo para progresso do auxílio
Fim de crise depende da Argentina, diz FMI
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional),
Horst Köhler, aproveitou o anúncio de que a diretoria do Fundo
recomendará a aprovação do
acordo de US$ 16,1 bilhões com a
Argentina para mandar um recado velado ao governo do país. O
Fundo, segundo Köhler, fará o
que puder para ajudar a Argentina, mas as soluções para a crise
que o país enfrenta dependem de
medidas dos próprios argentinos.
"Eu gostaria de assegurar para a
população argentina que o Fundo
fará sua parte para que esse programa seja bem-sucedido. A chave para uma solução duradoura
para as dificuldades atuais depende, claro, das ações que a Argentina tomar", disse Köhler.
Ele deu ontem o aval da diretoria do Fundo para um acordo modesto com a Argentina. Ele durará
apenas oito meses, e o país não receberá um centavo de dinheiro
novo. Com o acordo, o país refinancia dívidas que vencem até o
final de agosto com o Fundo e os
demais organismos multilaterais.
São US$ 11 bilhões em empréstimos que vencem até agosto e US$
5,1 bilhões que venceram em 2002
e que já haviam sido refinanciados pelo FMI.
O acordo, segundo o Fundo e o
governo argentino, deve preparar
terreno para que o novo governo,
que deve assumir no final de
maio, negocie um programa definitivo com o organismo.
As metas com as quais o governo argentino se comprometeu
ainda não foram divulgadas. O
ministro Roberto Lavagna (Economia) adiantou apenas que se
trata de um acordo temporário e,
portanto, com metas modestas.
A avaliação, na Argentina, é de
que o país tenha se comprometido a atingir um superávit primário fiscal -diferença positiva entre receitas e despesas do governo
sem incluir pagamento de juros- de 2,5% do PIB (Produto
Interno Bruto). A meta de inflação seria de 35%, e o governo deve
adotar uma política monetária
mais restritiva, emitindo menos
pesos e tirando parte da moeda
que hoje está no mercado.
Tanto em Washington quanto
na Argentina as autoridades lamentaram o fato de o país não assinar um acordo definitivo. Köhler e Lavagna "culparam" os políticos argentinos pelo fracasso de
um acordo mais abrangente.
"Queríamos um programa até
dezembro de 2003. Atento ao fato
de que não havia vontade política
de assumir os compromissos
[que o acordo exigiria", o governo
optou por fazer um programa
mais curto", disse Lavagna.
Em Washington, o diretor-gerente do Fundo iniciou o discurso
do anúncio da aprovação do acordo dizendo que "as dificuldades
para assegurar consenso político
na Argentina foram o principal
problema que impediu o progresso do programa".
Lavagna diz que o acordo facilitará o início das negociações com
os credores privados. O governo
argentino declarou a moratória
da dívida com credores privados
no início de 2002. Segundo ele, o
governo anunciará, até terça-feira, qual instituição financeira será
escolhida para assessorar o governo na renegociação da dívida.
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