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MERCOSUL
Empresários e economista de oposição pedem
ao governo do país medidas compensatórias à desvalorização do real
Indústria argentina teme recessão
das agências internacionais
Setores industriais argentinos e
políticos de oposição pressionam
o governo do país para que sejam
adotadas medidas compensatórias
à desvalorização do real.
A União dos Industriais Argentinos (UIA) se reunirá hoje pela manhã com o ministro argentino da
Economia, Roque Fernández, para
exigir que o governo estabeleça
medidas fiscais e alfandegárias que
amenizem os efeitos negativos da
desvalorização da moeda ocorrida
no Brasil.
No encontro, os industriais pedirão uma redução de impostos incidentes sobre as empresas da ordem de 10%, além de uma alta das
tarifas de importação para os produtos brasileiros, segundo informações publicadas ontem nos veículos de comunicação locais.
Os empresários da UIA acreditam que a situação econômica do
Brasil, o principal parceiro comercial da Argentina, podem gerar
uma recessão local, já que grande
parte das exportações argentinas
tem como destinado o parceiro do
Mercosul.
Há também o temor de uma invasão de produtos brasileiros, que
teoricamente ficaram mais baratos
com a desvalorização.
O ex-ministro argentino da Economia, Domingo Cavallo, afirmou
ontem que é "justificável" o temor
dos industriais do seu país.
"A Argentina deve tomar todas
as medidas para diminuir o custo
de produção e melhorar a rentabilidade das empresas que produzem bens de exportação ou competem com importações", afirmou
durante uma entrevista.
Cavallo argumentou que "todos
os impostos que encarecem os custos de produção das empresas têm
que ser eliminados". Entre eles,
acrescentou, estão os encargos trabalhistas e os tributos sobre o endividamento das empresas.
O atual ministro da Economia da
Argentina, Roque Fernández, havia afirmado na semana passada
que não será tomada nenhuma
medida excepcional em relação à
crise brasileira, salvo a suspensão
momentânea de emissão de títulos
públicos.
O ex-ministro Cavallo, que é hoje
deputado, foi o o ideólogo do plano de estabilização econômica
executado na Argentina desde
1989, que tem entre os seus pilares
a paridade entre o peso e o dólar
norte-americano.
Cavallo afirmou que a política de
flutuação cambial planejada pelo
Brasil é "muito complicada" de ser
mantida diante da sensibilidade
dos investidores.
"Vai estabelecer uma relação
perversa entre o câmbio e a taxa de
juros porque, ao relaxar a política
monetarista e desvalorizar a moeda, sobem as taxas e isso agravará o
problema fiscal", disse.
O principal economista da Frepaso, partido de oposição ao governo argentino, Arnaldo Bocco,
disse ontem que as autoridades argentinas estão muito passivas em
relação à desvalorização do real e
que o impacto sobre a economia
do país será muito forte. "Haverá
uma alta do desemprego e uma
elevação das taxas de juros", disse.
A taxa de desemprego caiu em
novembro passado, de 13,2% da
população economicamente ativa
para 12,4%, após ter atingido o auge de 18,4%, em 95.
Bocco argumenta que o atual ministro da Economia, Roque Fernández, assumiu uma atitude de
paralisia frente à crise brasileira.
Segundo Bocco, o governo deve
aplicar rapidamente políticas
compensatórias para que a Argentina não tenha uma concorrência
desleal no comércio exterior.
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