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Tereza Grossi nega envolvimento com caso Marka
DA REPORTAGEM LOCAL
Diretora do Departamento de
Fiscalização do BC, que tem, entre
muitas outras, a função de ajudar
a prevenir a ocorrência de crises
financeiras, Tereza Grossi, quem
diria, já foi vítima de uma delas.
Em 1982, quando nem cogitava
a hipótese de ingressar no setor
público, Tereza trabalhava para a
Arthur Andersen, em Belo Horizonte, e, na esteira da crise da dívida externa, foi demitida.
"Perdi o emprego. Vivia o início
da vida de casada, dois filhos, então precisava continuar trabalhando. Aí, vi um concurso para o
Banco Central e resolvi tentar."
Passou e nunca mais deixou a
instituição. Hoje, aos 54 anos, Tereza acaba de completar três anos
à frente da Diretoria de Fiscalização do BC, depois de ter passado
outro ano como chefe do setor.
Durona, trabalhadora e perfeccionista, Tereza fez uma verdadeira revolução no departamento.
Mal havia assumido e uma lei
recém-aprovada -que estabeleceu prazos de prescrição para crimes administrativos- ameaçava
milhares de processos de terminar enterrados nas gavetas do departamento.
Não só desenterrou todos os casos que pôde e levou-os até o fim
como, a partir daí, mudou todo o
funcionamento do Departamento de Fiscalização.
Decisões que, até então, eram
tomadas de forma descentralizada passaram a ser alvo de análises
por parte de comitês internos que
foram criados.
Os resultados das investigações
têm sido mais coerentes. Isso tem
contribuído para que haja mais
consenso entre as decisões tomadas em primeira instância administrativa, pelo Banco Central, e
em segunda e última, pelo Conselhinho.
Polêmica
Elogiada pelo Conselhinho e até
pelo mercado, a atuação de Tereza no BC, no entanto, está longe
de ser consensual.
O polêmico episódio de ajuda
aos bancos Marka e FonteCindam, depois da desvalorização do
real em 1999, ainda faz com que
haja muita resistência ao nome de
Tereza Grossi.
Chefe do Departamento de Fiscalização à época, ela é criticada
até hoje-principalmente no
PT- por ter supostamente participado da operação de socorro.
Em entrevista à Folha, Tereza
nega envolvimento no episódio.
"Ao contrário do que se diz, eu
não participei daquela decisão.
Então, para mim, é muito difícil
avaliar como foi decidido à época,
o que foi levado em consideração
à época e o motivo da decisão."
Segundo ela, a decisão foi da diretoria do BC e ela teria sido apenas comunicada.
Para o procurador da República
Artur Gueiros, responsável por
esse processo, há provas de que
Tereza participou, pelo menos, da
parte operacional da ajuda. O
processo ainda tramita no Judiciário.
Enquanto espera a decisão da
Justiça, Tereza enfrenta agora as
pressões de integrantes do PT para que seja destituída do cargo.
A campanha a faz reviver o episódio -que, segundo ela, representou seu pior momento no
Banco Central- de quando foi
convidada por Armínio Fraga para assumir a Diretoria de Fiscalização da instituição.
"O momento mais difícil que vivi no Banco Central acho que foi
toda a resistência que houve
quando o Armínio me convidou
para assumir a diretoria."
A respeito do atual movimento
contra sua manutenção no cargo,
ela prefere não fazer comentários.
Depois de mais de duas horas de
entrevista, é a única pergunta que
se nega a responder.
Mas faz um comentário que deixa pistas sobre sua vontade de
continuar no cargo: "Eu estou
sempre focada no que estou fazendo no presente. Agora, por
exemplo, estou pensando nos planos que temos para dar continuidade ao trabalho que começamos", afirmou.
(ÉRICA FRAGA)
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