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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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Tereza Grossi nega envolvimento com caso Marka

DA REPORTAGEM LOCAL

Diretora do Departamento de Fiscalização do BC, que tem, entre muitas outras, a função de ajudar a prevenir a ocorrência de crises financeiras, Tereza Grossi, quem diria, já foi vítima de uma delas.
Em 1982, quando nem cogitava a hipótese de ingressar no setor público, Tereza trabalhava para a Arthur Andersen, em Belo Horizonte, e, na esteira da crise da dívida externa, foi demitida.
"Perdi o emprego. Vivia o início da vida de casada, dois filhos, então precisava continuar trabalhando. Aí, vi um concurso para o Banco Central e resolvi tentar."
Passou e nunca mais deixou a instituição. Hoje, aos 54 anos, Tereza acaba de completar três anos à frente da Diretoria de Fiscalização do BC, depois de ter passado outro ano como chefe do setor.
Durona, trabalhadora e perfeccionista, Tereza fez uma verdadeira revolução no departamento.
Mal havia assumido e uma lei recém-aprovada -que estabeleceu prazos de prescrição para crimes administrativos- ameaçava milhares de processos de terminar enterrados nas gavetas do departamento.
Não só desenterrou todos os casos que pôde e levou-os até o fim como, a partir daí, mudou todo o funcionamento do Departamento de Fiscalização.
Decisões que, até então, eram tomadas de forma descentralizada passaram a ser alvo de análises por parte de comitês internos que foram criados.
Os resultados das investigações têm sido mais coerentes. Isso tem contribuído para que haja mais consenso entre as decisões tomadas em primeira instância administrativa, pelo Banco Central, e em segunda e última, pelo Conselhinho.

Polêmica
Elogiada pelo Conselhinho e até pelo mercado, a atuação de Tereza no BC, no entanto, está longe de ser consensual.
O polêmico episódio de ajuda aos bancos Marka e FonteCindam, depois da desvalorização do real em 1999, ainda faz com que haja muita resistência ao nome de Tereza Grossi.
Chefe do Departamento de Fiscalização à época, ela é criticada até hoje-principalmente no PT- por ter supostamente participado da operação de socorro.
Em entrevista à Folha, Tereza nega envolvimento no episódio. "Ao contrário do que se diz, eu não participei daquela decisão. Então, para mim, é muito difícil avaliar como foi decidido à época, o que foi levado em consideração à época e o motivo da decisão."
Segundo ela, a decisão foi da diretoria do BC e ela teria sido apenas comunicada.
Para o procurador da República Artur Gueiros, responsável por esse processo, há provas de que Tereza participou, pelo menos, da parte operacional da ajuda. O processo ainda tramita no Judiciário.
Enquanto espera a decisão da Justiça, Tereza enfrenta agora as pressões de integrantes do PT para que seja destituída do cargo.
A campanha a faz reviver o episódio -que, segundo ela, representou seu pior momento no Banco Central- de quando foi convidada por Armínio Fraga para assumir a Diretoria de Fiscalização da instituição.
"O momento mais difícil que vivi no Banco Central acho que foi toda a resistência que houve quando o Armínio me convidou para assumir a diretoria."
A respeito do atual movimento contra sua manutenção no cargo, ela prefere não fazer comentários. Depois de mais de duas horas de entrevista, é a única pergunta que se nega a responder.
Mas faz um comentário que deixa pistas sobre sua vontade de continuar no cargo: "Eu estou sempre focada no que estou fazendo no presente. Agora, por exemplo, estou pensando nos planos que temos para dar continuidade ao trabalho que começamos", afirmou.
(ÉRICA FRAGA)


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