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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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OPINIÃO DA BASE

Radicais e moderados não se entendem sobre elevação dos juros

PT se constrange sobre assunto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Surpreendidos pelo aumento dos juros no mês passado, os petistas ainda mostram uma retórica desencontrada quando questionados sobre a possibilidade cada vez mais concreta de uma nova alta da taxa do Banco Central.
A discussão ganhou força no Congresso após o discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, na reabertura dos trabalhos legislativos, em que chamou a atenção para a necessidade de medidas duras na economia.
Dos radicais aos moderados do PT, porém, é comum o constrangimento ao tratar da alta dos juros.
"Sobre juros eu não posso falar, porque é assunto do governo", afirmou o presidente do partido, José Genoino (SP). A Folha argumentou que a pergunta era sobre a posição do PT. "Depois eu dou a opinião do partido para Vossa Excelência", disse, virando as costas.

Incredulidade
O senador Eduardo Suplicy (SP) demonstrou incredulidade diante da afirmação de que o mercado espera uma elevação da taxa do Banco Central, hoje em 25,5% ao ano. "Quem determina isso não é o mercado, é o Copom [Comitê de Política Monetária do BC, formado pelo presidente e pelos sete diretores da instituição"", disse.
Para Suplicy, a alta dos juros "só irá ocorrer diante de uma dificuldade imensa" na condução da economia.
O deputado Chico Alencar (RJ), considerado um independente no partido, não se mostrou tão surpreso. "Temo que isso aconteça, já estão falando em 27%", afirmou.
"A bancada do PT não vai ser uma instância amorfa ou passiva" diante das medidas ortodoxas da área econômica, disse Alencar, que relatou estar buscando opiniões de outros especialistas, entre eles o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.

Banqueiros
Os mais radicais, previsivelmente, mantêm as críticas que já fizeram ao primeiro aumento de juros no governo Lula. "Não podemos continuar trabalhando para sustentar banqueiros", disse João Batista Babá (PA), para quem, em vez de cortar gastos sociais no Orçamento, o governo deveria reduzir o pagamento da dívida pública.
(GUSTAVO PATÚ)


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