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Ex-dono do Banco Santos contesta acordo judicial
Edemar e liquidante da massa falida do banco discordam sobre dívida de distribuidoras de energia
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-controlador do Banco
Santos, Edemar Cid Ferreira,
tenta obter na Justiça a anulação de acordo pelo qual a Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. e a
A.E.S. Uruguaiana S.A. quitaram uma dívida de R$ 276 milhões com o banco falido, obtendo um desconto de 40%.
Ele entende que esse acerto
traz "vultosíssimo prejuízo",
pois significa "abrir mão" de R$
110 milhões, importância que
seria destinada ao pagamento
de credores.
Ferreira alega que o administrador da falência [liquidante],
Vânio Aguiar, fez "caridade
com o chapéu alheio", dando
continuidade a uma "política
de "queima de ativos'".
O acordo foi homologado em
janeiro pelo juiz Caio Marcelo
Mendes de Oliveira, da 2ª Vara
de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. As empresas concordaram em pagar R$
165,6 milhões para quitar dívidas relativas a 27 contratos de
""swap" [operações com liquidação em data futura]. Além
disso, serão pagos honorários
de R$ 2,9 milhões aos advogados da massa falida.
No último dia 5, Ferreira entrou em juízo com um recurso
[agravo de instrumento] em
que pede ao Tribunal de Justiça
de São Paulo para invalidar a
decisão do juiz Oliveira. Alega
que houve açodamento e que as
empresas "barganharam acordo extremamente vantajoso",
pois teriam capacidade de pagar o total da dívida.
O Ministério Público também discordou da homologação do acordo. A promotora de
Justiça Celestiany Villar da Silva escreveu que ele era muito
mais benéfico às contratantes
(Eletropaulo e A.E.S.) do que à
massa falida e que não havia urgência que autorizasse tamanho desconto.
Em sua decisão, o juiz Oliveira diz que não são convincentes
os argumentos do ex-controlador. "Ao contrário do que menciona o falido, os credores manifestaram, através de seu comitê, plena concordância com a
composição", sentenciou.
Segundo o magistrado, apesar de o desconto ter surpreendido a representante do Ministério Público, o acordo é favorável à massa falida, pois abrevia a
solução da pendência e evita o
risco de uma solução final da
Justiça contrária aos interesses
dos credores.
O liquidante Vânio Aguiar
disse à Folha que o papel do
administrador é tentar trazer
recursos ao caixa o mais rapidamente possível. "Recebi uma
proposta para pagamento, tentei elevar esse valor. O comitê
de credores achou o valor adequado e deu sinal verde. Então,
encaminhei a proposta ao juiz."
Segundo Aguiar, o falido tem o
direito de recorrer. "Mas nenhum credor se manifestou
contra o acordo", afirmou.
Procuradas, a Eletropaulo e
A.E.S. não se manifestaram.
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