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Brasil já prepara plano para gasolina
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes de distribuidoras de combustíveis, como Shell,
Esso e Ipiranga, foram convidadas há três semanas pelo Ministério de Minas e Energia a participar de um programa de contingenciamento do consumo de
combustíveis no país, se um eventual ataque dos EUA ao Iraque
persistir por mais de 30 dias.
O ministério, segundo a Folha
apurou, traçou três cenários para
enfrentar uma eventual guerra.
Nos dois primeiros, que considera mais provável, o conflito entre
EUA e Iraque não duraria mais de
um mês. Nesse caso, a Petrobras
teria condições de manter o fornecimento de gasolina, diesel e
óleo combustível.
No cenário menos provável
-isto é, se a guerra for mais longa-, o governo quer contar com
a participação das distribuidoras.
Um das idéias é estabelecer cotas
para a distribuição de combustível. Setores considerados prioritários, como hospitais, não seriam afetados. Os postos de gasolina teriam de participar do corte.
O governo também poderia restringir o consumo por meio do
aumento de preços, segundo o representante de uma distribuidora
de combustível que participou do
encontro com representantes do
Ministério de Minas e Energia.
"Por enquanto, as distribuidoras estão recebendo os volumes
que elas encomendaram", diz Alísio Vaz, diretor do Sindicom, sindicato das distribuidoras. Elas
não sabem, porém, qual é o estoque de combustível da Petrobras.
O governo, segundo as distribuidoras, dizem que essa é uma informação estratégica.
As distribuidoras estão na expectativa de que possa ocorrer aumento de preços nos combustíveis de uma hora para outra, com
ou sem guerra. Isso porque, segundo elas, existe uma defasagem
em torno de 17% no preço da gasolina e de 25% no preço do diesel
por causa do aumento do preço
do petróleo no mercado internacional, além da alta do dólar.
Distribuidoras e postos informam que o impacto de uma eventual guerra entre EUA e Iraque seria maior no fornecimento de
óleo diesel e de GLP (gás de cozinha), já que, no caso desses dois
produtos, o Brasil depende de importação, o que não acontece com
a gasolina. A produção de gasolina no Brasil é da ordem de 1,65 bilhão de litros por mês -o consumo interno é de 1,5 bilhão de litros
por mês. Os outros 150 milhões de
litros por mês são exportados.
No caso do óleo diesel, o Brasil
produz 2,8 bilhões de litros por
mês e consome 3,3 bilhões de litros por mês -importa 500 milhões de litros por mês, especialmente dos países árabes. No GLP,
a demanda no país é de 1,2 bilhões
de litros por mês -300 milhões
de litros mensais vêm do exterior.
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